Premissa

Este livro contém uma coleção de notícias e de documentos com o intuito de descobrir as raízes dos Bellei, residentes, em sua maioria, na província de Módena (cerca de 650 pessoas) e em muitas outras províncias da Itália, num total próximo de 2.000 pessoas. Considerei oportuno subdividi-lo em três capítulos. O primeiro refere-se à descrição das minhas pesquisas referentes às origens e proveniência dos Bellei. O segundo apresenta uma série de perfis biográficos de alguns Bellei que, em tempos diversos, adquiriram particulares méritos em diferentes campos. O terceiro reporta a história e brasões das cidades em que os Bellei, em várias épocas, habitaram, além de dados e notícias interessantes. No que diz respeito ao sobrenome Bellei, freqüentemente me perguntava qual significado pudesse ter e de que derivava. Era ainda estudante, quando, um dia, coloquei a questão a um professor que me explicou que todos os sobrenomes tinham derivações com significados particulares: às vezes eram patronímicos, isto é, derivados do nome do pai, mas quase sempre faziam referimento às características físicas, às qualidades morais, às atividades profissionais, às localidades de proveniência e também aos apelidos dos pais. Acrescentou, finalmente, que a atribuição obrigatória de um sobrenome a cada indivíduo veio deliberada pela Igreja durante o Concílio de Trento (1545-1563). Depois desta explicação, o professor devia de qualquer modo convir que o meu sobrenome, a princípio, não parecia fazer referências às hipóteses formuladas por ele, portanto permanecia envolto em mistério. Há muito tempo eu guardava o desejo de conhecer as minhas origens, até que em 1980 foi publicado um dicionário de sobrenomes italianos que atraiu a minha curiosidade. Sem perda de tempo, dirigi-me a uma livraria onde me foi permitido consultá-lo. Mas, com surpresa, constatei que o sobrenome Bellei não figurava ali.1 Foi então que decidi interpelar genealogistas e consultar registros civis em cartórios, arquivos públicos e de igrejas, na intenção de conseguir revelar o mistério.

C.B.


1- Em 1998 saiu outro "Dicionário dos sobrenomes italianos" de Emílio De Felice, publicado pela Editora Mondadori, mas em que também não veio citado o sobrenome Bellei.



Capítulo primeiro


PESQUISAS


Antes de iniciar as pesquisas propriamente ditas, considerei oportuno ouvir o parecer do saudoso Dr. Amato Cortelloni, notário em Pavullo, especialista em heráldica e genealogia. Depois de levar em consideração várias hipóteses, disse-me que o meu sobrenome podia derivar de um topônimo; por isto aconselhou-me pesquisar entre aqueles reportados em ordem alfabética no índice de um bom atlas. Consultei, portanto, o meu "De Agostini", e eis que apareceu o nome que procurava: Belley - pequena cidade situada no sudeste da França. O amigo notário tinha adivinhado. Depois disto me propus a verificar se existia uma ligação entre os Bellei e a homônima cidade francesa. Em 1982, portanto, dirigi-me a Belley e, ali chegando, hospedei-me no Hotel do Bougey. Nos três dias de permanência, visitei o centro e na Rua Pietonne encontrei, sobre uma base de pedra, a reprodução em bronze de um grande lobo, símbolo da cidade. Para melhor conhecer a história de Belley, fui à Biblioteca Municipal onde um funcionário aconselhou-me a adquirir, junto à única livraria da cidade, o livro intitulado "História de Belley". Coisa que fiz no mesmo dia. Ao titular da livraria perguntei como era pronunciado o nome Belley e também o motivo pelo qual, nas listas telefônicas locais, não existia alguém com o sobrenome Belley. Respondeu-me que o nome da cidade se pronuncia blé e que somente alguns habitantes do Vale d'Aosta usavam o sobrenome Belley. Assim que entrei no hotel, iniciei a leitura do livro, e a minha atenção foi atraída para um fato que, com grandes possibilidades, pode ser a origem da chegada dos Bellei na Itália. Em relação a isto e para melhor compreender aquilo que irei expor no capítulo, considero útil reportar a uma síntese histórica da cidade.


HISTÓRIA DE BELLEY



A origem é remota. No passar dos séculos, restos arqueológicos, medalhas e vasilhames encontrados no local fazem estimar que Belley existisse à época dos galos (da Gália). Devia ser certamente contida entre as cidades dos Alóbroges, população que ocupava a margem direita do Rio Ródano na confluência com o Rio Ain, na bacia do Furaus e do Bas-Bugey. O historiador F. Guichenon considera que Belley (Bellitium, em latim) tenha derivado do nome Bellona, deusa da guerra, para a qual fora construído um templo. Por tal razão, segundo o historiador Aubertus Miroeus e, depois dele, Charles de Saint-Paul, Belley foi chamada "Urbem Bellicam". Ao contrário, Saint-Pierre de Novalaise julga que foi o cônsul romano Sextius Bellinus a dar o seu nome à cidade, portanto chamada "Bellitium Bellinus". J. P. Foderé afirma que a César agradava parar freqüentemente em Belley, pela amenidade do lugar. A narração de Saint-Domitien, fundador da Abadia de Saint-Rambert, menciona Bellitium no ano de 425. Durante o período franco, Belley passou de um reino a outro, seguindo a sorte do Bugey. Aproximadamente no ano de 912 os Rodolfenses apossaram-se do Bugey, que depois passou por herança, no ano de 993, a Conrado II, imperador da Germânia.




Excomungado Henrique IV pelo papa Gregório VII, os estados da Germânia abandonaram o Bugey, cedendo-o, no ano de 1077, a Amadeu III, conde de Savóia. Mas no ano de 1385, exatamente em 25 de abril, como escreveu o historiador F. Guichenon, Belley foi assaltada e colocada a ferro e fogo. Foram salvos somente a Catedral, o Arcebispado e algumas outras casas nos arredores. Este gravíssimo fato provocou uma verdadeira diáspora que obrigou os sobreviventes a fugir em todas as direções para encontrar salvação; alguns chegaram também em países estrangeiros. Por isto é lícito supor que um consistente número tenha se refugiado no Vale d'Aosta.




OS BELLEY NO VALE D'AOSTA


Deixada a cidade "bellicosa", fui direto a Chamonix, onde entrei no túnel do Monte Branco e, na saída, cheguei a Courmayeur. Uma vez mais recorri ao auxílio da lista telefônica; consultando-a, descobri que muitos Belley viviam nas cidades de Villeneuve, S. Pierre, Aymavilles, Sarre e Cogne. Decidi, então, dirigir-me a Aymavilles, onde reside a maior parte dos Belley. Ali encontrei acolhida e disponibilidade da parte de:

Mário Belley

Adelina Belley
Rita Abram Belley
Urbano Belley
Carlo Belley

Todos, procurando na memória e nas recordações transmitidas por seus avós, contaram que não há dúvidas sobre a procedência francesa deles. Em seguida, Adelina Belley (residente em Aymavilles, na localidade Glassier no. 4) enviou-me alguns cartões postais da cidade unidos a um breve escrito que reporto:


"O meu nome Belley termina com um y; porém pode ser que também o seu seja originário daqui. Encontrei, na França, uma pequena cidade chamada exatamente Belley, de onde se julga que provenham os Belley de Aymavilles."


Para saber mais, Mário Belley indicou-me para o pároco, o qual me escreveu o que segue:

"Os Belley, hoje residentes em Aymavilles, são bastante numerosos. Os Belley, Blè, Bellei vêm certamente de uma única origem. A meu ver, o significado do sobrenome Belley vem da pátria de origem que, sem dúvida alguma, é a França. No meu arquivo, os nomes dos Belley ocupam 17 folhas."


Por telefone informei-lhe que no Departamento de Ain eu não conseguia encontrar nenhum habitante com o nome Belley e perguntava-me por que existiam somente no Vale d'Aosta. Respondeu-me que a única explicação podia ser ligada ao fato de que, quando tornou obrigatório dar aos batizados um sobrenome além do nome, os pais, a fim de manter uma ligação afetiva e uma recordação indelével com a cidade de proveniência, escolheram o nome de Belley. Com base nestas informações, decidi dedicar-me à pesquisa de quais Belley que, do Vale d'Aosta, podiam ter emigrado ao centro-norte da Itália. Dado que não conseguia encontrar as pistas, voltei ao Instituto Genealógico Italiano de Florença, o qual me comunicou que

"os primeiros documentos que relatam o nome dos Bellei remontam ao século XII. Em um deles se lê que, em 14 de fevereiro de 1192, os cidadãos de Alexandria confirmaram, com juramento, a convenção conclusa com os genoveses em 4 de fevereiro de 1181. Entre os nomes dos jurados existia um Bellei."
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2- De "Origem histórica das localidades e antigos sobrenomes da República Genovesa" de Francesco Grillo – 1958 – págs. 178 e 179.

Os Bellei de Alexandria alargaram, pois, a esfera de suas atividades profissionais, primeiro em Gênova, depois em La Spezia, em Carrara e em Lucca, onde hoje se encontram seus descendentes. Enquanto isso, alguns Bellei avançaram até Ferrara; de fato, em um ato de 1478, um Manuel Bellei, patriota, figura entre os cidadãos de Ferrara, e em Mesola, província de Ferrara, vivem ainda hoje os Belley provenientes do Vale d'Aosta, como a senhora Adriana Belley Orfei e seu primo Bruno. Sempre do Vale d'Aosta, outros Belley alcançaram Veneza, atraídos pela beleza e pela riqueza da cidade. É sabido que Veneza foi, por um longo tempo, centro comercial de fundamental importância, em virtude das constantes conexões com os países do Mediterrâneo Oriental asseguradas pela sua grande frota mercantil. É também sabido que as populações do Vale Padana mantinham intensas relações comerciais com Veneza. Também Módena, Bomporto e Finale Emília exportavam para Veneza grandes quantidades de produtos agrícolas e artesanais, importando de volta mercadorias e artigos provenientes das regiões do vizinho Oriente. Os Belley transferidos a Veneza, com toda probabilidade, adaptaram-se à mentalidade mercantil dos habitantes de Veneza, entrando em negócios ligados à exportação e importação de produtos de todos os gêneros. Tudo isto faz supor que os Belley de Veneza possam ter alcançado, por via fluvial, Finale Emília, Bomporto e Módena. Demonstrá-lo-ia também o fato de que muitos foram registrados nos arquivos de Módena, do século XVI ao XIX, não somente com base na pura e simples locução fonética do sobrenome, mas também na grafia originária com um y no final. A tal respeito, anexo a cópia de alguns documentos conservados junto às paróquias de São Francisco, em Sassuolo, e de Miceno, em Pavullo. Por meio da internet, recentemente, pude ter uma visão da lista telefônica de Veneza, na qual localizei três nomes originários:


Belley Demétrio – Calle Chiesa n o. 9 – Veneza

Belley Ernesto – Via Gavagnin n o. 112 – Veneza Mestre
Belley Maria Lúcia – Via Napoli n o. 73 – Veneza Mestre

Retornando à época dos doges, é necessário ressaltar como alguns Belley percorreram as rotas mercantis de Veneza, constituindo realmente uma base permanente na Ilha de Cherso (Quarnaro) onde ainda hoje existe um burgo chamado Bellei.
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3- Ver a carta geográfica anexada, gentilmente enviada a mim pelo senhor Giorgio Bellei, de Ravarino.

A propósito da transcrição errada do sobrenome Bellei, junto ao Arquivo Histórico do Município de Módena, pelos registros remontados aos séculos XVI e XVII, entre os batizados, ressaltei o que segue:

Ano 1578 – Bartolomeo de Biley – cert. 41 no. 644
Ano 1579 – Jacoma Bellè – cert. 71 no. 201
Ano 1580 – Agostino Bellino – cert. 168 no. 409
Ano 1614 – Giovanna Blè – pág. 118
Ano 1625 – Bernardo Belè – pág. 17
Ano 1626 – Giacomo Blè – pág. 120
Ano 1628 – Bartolomeo Belei – pág. 219
Ano 1629 – Andrea Belei – cert. no. 29
Ano 1632 – Anna Maria Blè – cert. no. 99
Ano 1635 – Bernarda Belei – cert. no. 599
Ano 1636 – Camilla Blè – cert. no. 106
Ano 1637 – Bernardo Belè – cert. no. 35
Ano 1641 – Orsola Bellè – cert. no. 173
Ano 1646 – Marg.ta Blè – cert. no. 167
Ano 1647 – Orio Bellè – cert. no. 236
Ano 1651 – Lúcia Belei – cert. no. 46
Ano 1652 – Ludovico Bilè – cert. no. 126
Ano 1689 – Francesco Blè – cert. no. 12
Ano 1694 – Andrea Belei – cert. no. 152

O sobrenome Blè, encontrado também em muitos registros paroquiais, foi anotado com freqüência no século XVIII. Em seguida, apareceu mais raramente, também permanecendo por longo tempo como apelido. Ainda hoje, em Formigine, Sassuolo e Pavullo, é usado por algumas pessoas mais velhas. Próximo a Acquaria di Montecreto existe um antigo burgo denominado "Casa Blè". Perguntei-me muitas vezes por qual motivo o sobrenome Blè desapareceu. É possível que não exista mais ninguém que o tenha? Recorri, ainda uma vez mais, à ajuda das listas telefônicas de Módena e região e a minha pesquisa não foi em vão: encontrei dois "remanescentes", um em Módena e o outro em Pavullo. São os senhores Romano Blè, Via del Garda no. 31 - Módena e Carla Blè Amidei, Via Puccini no. 6 - Pavullo. Antes de seguir as muitas transferências dos Bellei chegados por via fluvial em Bomporto, julgo oportuno ressaltar a importância que teve este centro urbano no transporte fluvial do século XV até o fim do século XIX, como se pode revelar pela síntese histórica a seguir reportada.


HISTÓRIA DE BOMPORTO


O lugar, citado pela primeira vez em documentos do ano de 1408, foi cedido pelos Pio, senhores de Carpi, aos Estensi, os quais, por sua vez, habitando ainda em Ferrara, concederam-no por investidura à família dos condes Rangoni de Módena, que possuíam outros feudos em Módena e que, no século XII, foram agraciados com o título de marqueses. O território é delimitado pelos Rios Secchia e Panaro. A conjugação do canal Naviglio com o Rio Panaro tinha beneficiado amplamente a região e favorecera a formação e o desenvolvimento de Bomporto que, já no século XV, era um centro fluvial de grande importância no âmbito das comunicações entre Módena, Ferrara e Veneza. No século seguinte, as embarcações realizavam viagens regulares até Veneza, transportando cânhamo, carnes salgadas, fruta, grão, vinhos e madeira e traziam carregamento precioso de sal, especiarias, peixes salgados, açúcar, café, cristais e quinquilharias. A prosperidade do lugar era, portanto, ligada estritamente ao comércio destas mercadorias consideradas e aos ganhos provenientes dos pedágios fluviais. Entre as poucas estradas de longo percurso, os rios e canais constituíam insubstituíveis vias de transporte de mercadorias e de passageiros. Os tráficos fluviais, sempre mais intensos, tornaram necessária a presença, ao longo do percurso, de pontos de apoio para a parada segura dos barcos. Em Bomporto foi, assim, construído um dos portos da planície, o "bom porto", de fato, de onde é derivado o topônimo do lugar. O porto, em 1774, com projeto do engenheiro de Módena Francesco Zannini, por ordem de Francisco III d'Este, foi ampliado e melhorado junto com o curso do Naviglio. Junto com o eixo retangular, com alargamento octogonal, ainda hoje visível, foi aberto um canal dito "descarregador", com a função de manter constante o nível das águas, favorecendo ao mesmo tempo o funcionamento dos moinhos da vizinha Bastiglia. Na proximidade da eclusa se pode ainda observar a setecentista ponte em arco sobre o Naviglio, que a tradição diz ser construída com as pedras do farol da torre, elevada no ano de 1504 para servir de orientação aos navegantes e tornada, depois, símbolo de Bomporto no brasão da cidade. A igreja paroquial, construída no ano de 1609, foi dedicada a São Nicolau, patrono dos navegantes.

OS BELLEI DO RIO PANARO AO MAR TIRRENO


Em consideração à exportação dos vinhos, desde antigamente, é necessário dizer que, em Bomporto e no entorno, a produção nunca foi encerrada, pelo contrário, foi incrementada e melhorada na qualidade, tanto que atualmente as três mais importantes tabernas fundadas pelos Irmãos Geminiano e Adolfo Bellei, por Francesco Bellei e Filhos, por Aurélio Bellei e Filhos, vendem grandes quantidades de Lambrusco, considerado o rei dos vinhos da Emília Romanha. Além disso, a Empresa Irmãos Bellei – vinhos, depois de dedicar-se por longo tempo (desde 1914) à produção de vinhos, no ano de 1990, cessa a produção do Lambrusco e inicia a produção do vinagre balsâmico. Voltando ao tempo dos feudos dos Rangoni, os marinheiros provenientes de Ferrara e de Veneza freqüentemente faziam escala em Finale Emília, onde ancoravam suas embarcações (pela custódia noturna das mercadorias e o repouso dos passageiros) no cais vizinho, no qual surgira o estaleiro naval. Em seguida, junto a muitas pessoas de Ferrara (que depois formaram a família dos Ferraresi), juntaram também alguns Bellei que se instalaram primeiro em Finale Emília, depois em San Felice sul Panaro, em Cavezzo e em Mirândola. Os Bellei que desembarcaram em Bomporto começaram a expandir-se em lugares próximos tais quais Ravarino, Bastiglia e Albareto. Sucessivamente chegaram a Módena, em Carpi, em Formigine, em Maranello, em Sassuolo, em Pavullo, em Fanano e em Acquaria di Montecreto. A partir do século XVI, alguns Bellei alcançaram posições de relevo. No ano de 1536 um Giovanni Maria Bellei tornou-se estatutário para a Reforma Conciliar. No ano de 1552, Dom Battista Bellei era sacerdote na paróquia de Mocogno, quando o bispo de Módena, Egídio Foscherari, em visita pastoral, assim o definiu: "vir satis probus et gratus populo".
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4- Do livro "Lama Mocogno – Território e bens culturais" Ed. Il Bulino – 1982


Andrea Bellei, notário em Fanano, que viveu no século XVII, deixou uma história do lugar muito apreciada. Domenico Maria Bellei, sacerdote, no ano de 1656, tornou-se secretário do bispo de Módena. Em 20 de agosto de 1776, depois do matrimônio do filho Hércules Rinaldo com Maria Teresa Cybo Malaspina (única herdeira do Marquês de Massa), o Duque de Módena teve uma saída sobre o Mar Tirreno. No ano de 1831, Francisco IV nomeou Tommaso Maria Bellei governador de Massa (Arquivo de Estado – dossiê particular da Milícia Militar Ducal). Outros Bellei se distinguiram como homens da lei, da religião e das armas. Outros ainda no comércio, no artesanato, nos melhoramentos e cultivo de propriedades de terra (próximo a Sassuolo). As prósperas condições econômicas alcançadas por muitos Bellei tiveram também reflexos do lado demográfico. Como cheguei a constatar folheando os registros paroquiais, alguns núcleos familiares, no espaço de duas ou três gerações, alcançaram também vinte, trinta ou mais indivíduos. Isto induziu alguns Bellei a transferirem-se a outras localidades da província. Gradualmente se estabeleceram em Castelfranco Emília, em Vignola, em Castelnuovo Rangone, em Nonantola, em Prignano e também em pequenos centros como Miceno, próximo a Pavullo, onde existe ainda um local, que remonta à época dos últimos Montecuccoli (1709), chamado "Case Bellei", ainda hoje habitado por um Bellei de nome Giacomo.
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5- Ver carta geográfica de Pavullo nel Frignano


Nos séculos XVII e XVIII, muitos Bellei aventuraram-se com sucesso em várias disciplinas tornando-se comandantes de milícias dos duques, doutores em lei, notários e sacerdotes. Na primeira metade do século XIX, encontram-se Bellei nomeados prefeitos, chanceleres e prior de paróquias. Na segunda metade tiveram experiência como artesãos, pequenos industriais, docentes e artistas. No século XX, com o grande progresso industrial, mecânico, comercial, tecnológico, financeiro e médico, deram a possibilidade a muitos Bellei de se destacarem em vários campos, tornando-se médicos, administradores, empreendedores, técnicos e especialistas de valores. Em razão de tanto, julgo oportuno recolher dados, notícias, e tudo quanto necessário para poder compor apropriadas biografias daqueles Bellei que deram brilho à estirpe do século XVI em diante. (Peço desculpas àqueles que, por merecedores de particular menção, permanecem a mim desconhecidos).



Capítulo segundo


ESCRITORES E JORNALISTAS


Andrea Bellei


Notário de Fanano, no século XVI, se distinguiu como historiador. Entre seus escritos prevalece aquele cujo título é: "De outras coisas memoráveis acontecidas em vários tempos em Fanano", do qual reporto algumas notícias relativas a acontecimentos impressionantes:


"No ano de 801 aconteceu em Fanano um terrível terremoto, o qual se fez sentir em muitas partes da Itália, e especialmente em Roma, onde ruiu o teto da Igreja de São Paulo. Em 1616 houve um inverno do qual não se sabe de outro igual. A neve começou no meio de novembro, não passando dois dias sem que caísse uma forte nevada. Hoje, 13 de janeiro, a neve continua, não pára nem mesmo uma hora, sinal de que a pobre gente desesperada teria que resistir à continuação da catástrofe e a proteger-se do frio. No mês de maio a chuva continuou durante 15 dias sem parar, e foi acompanhada de furiosa tempestade, aflição a que se juntou a tantas outras as quais atingiram esta pobre terra, ficando ali aqueles que somente se alimentavam de ervas cozidas com um pouco de farinha de fava ou de trigo. No dia 5 de setembro do ano seguinte, à tarde, começou um vento tão furioso que o inferno parecia abrir-se: e durou por cinco dias sem parar uma hora, com dano inestimável ao campo, seja para a uva, castanhas e outros frutos que foram destruídos. Em 1647 foi o ano em que pela segunda vez pregou na cidade o padre Giovanni Battista Muzarelli, homem de muito valor: em 9 de junho, na Páscoa do Espírito Santo, fez muito frio com vento e chuva e ficaram cobertos de neve os Alpes: a partir de 20 de junho, sem cessar nem mesmo um dia, continuou a chuva até 16 de julho, seguindo-se celebrações na Paróquia, a fim de aplacar a ira de Deus, enquanto começavam a apodrecer as colheitas por causa de tanta água, onde por toda parte se via gente morrer de fome... Em 1648 a grande penúria de víveres na qual estava Fanano, e em que se viam grupos de pobres de cidades circunvizinhas esmolando meio mortos de fome, enquanto em Toscana, que era sempre em tempo de necessidade o refúgio desses, agora se encontrava na maior necessidade do mundo, de tal modo que vinham nesta terra pessoas de Cutigliano, Lizzano, etc. suprirem-se de trigo, farinha de castanha, pão e tudo quanto mais podiam achar para remediar as suas necessidades, se bem que tudo se vendia a altos preços. Para conclusão da miséria, em 9 de junho, ao meio dia, caiu uma grande tempestade que destruiu quase toda a cidade... Que o trigo em Módena valia 100 liras o saco e mesmo com dinheiro, não encontrava."
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6- De "História de Fanano", editado pelo prof. Albano Sorbelli em 1927


Sandro Bellei


Nasceu em Módena em 14 de junho de 1941. Em 1969 começou a exercer a profissão de jornalista. Colaborou com a "Gazzeta di Modena", com a "Avvenire d'Italia", a "Stadio", com o "Giorno" e com a "Stampa". Depois, no "Resto del Carlino", trabalhou nas redações de Módena, Bolonha, Rovigo, Pádua e Pesaro. Em 1981 tornou-se chefe do serviço da "Nuova Gazzetta di Modena". Interessou-se por gastronomia e assuntos ligados à nutrição, colaborando com numerosas publicações. Com Ugo Pretti escreveu os quatro livros da série "O que se cozinha na panela em Módena" e o "Receituário modenense". Por conta da "Confesercenti" ocupou-se da publicação da "A carne, nutrição e economia" e "Módena à mesa". Em seguida fez "A cozinha do indivíduo". Sucessivamente publicou pela editora Ermanno Rovatti, o "Dicionário enciclopédico do dialeto modenense" e a "Gramática do dialeto modenense". Recentemente, sempre com Rovatti, publicou a obra "Os castelos modenenses", fruto de uma pesquisa monumental sobre fortalezas, torres e fortificações de Módena, em dois volumes ricamente ilustrados com a descrição de 150 castelos e para cada um uma ficha histórica. Por ocasião da noite cultural, organizada pela "Società del Sandrone" em 8 de novembro de 2001, Sandro Bellei e Ermanno Rovatti apresentaram a nova edição da "Enciclopédia da sabedoria popular", obra subdividida em 24 fascículos com saída periódica nas bancas de jornais. O conteúdo tem o objetivo de revitalizar o dialeto de Módena, do qual se estava rareando o uso. A obra mais recente (escrita em conjunto com Paolo Reggianinni, também jornalista especialista em acontecimentos esportivos), esperada por tantos apaixonados do futebol, concerne à história do Módena F.C. intitulada "Módena 1912 – 2002 Noventa anos de história", que chega num momento particularmente feliz, visto que o time, depois de 38 anos de espera, voltou à Série A. O volume, apresentado na residência municipal do prefeito Giuliano Barbolini, narra os grandes protagonistas do Módena F.C. e compreende quase 400 fotografias, além de uma rica e atualizada parte estatística. O prefácio é de Arrigo Levi, prestigiado jornalista e escritor de Módena. Com seus inumeráveis escritos e as tantas obras publicadas, Sandro Bellei demonstrou possuir raro intelecto e vasta cultura. Além disso, de uma "modenesità" sem par, é colocado em uma posição de proeminência dificilmente atingível, em particular com o "Dicionário enciclopédico do dialeto modenense" e com a "A gramática do dialeto modenense". O último livro: "Sua magestade o Vinagre Balsâmico" aumenta a série dedicada à gastronomia. Em síntese se pode afirmar que Sandro Bellei produziu escritos que tratavam de assuntos de diversas áreas: do esporte à gastronomia, da história às enciclopédias do dialeto modenense e da sabedoria popular. Considerando que ainda está longe da idade de aposentadoria, certamente fornecerá outras obras. Todavia, com o quanto produziu até hoje, pode ser considerado o mais eclético dos escritores modenenses. Em reconhecimento dos seus méritos, para Sandro Bellei foram conferidos encargos de prestígio tais como: Presidente da Sociedade de Esgrima e Ginástica do Panaro; Presidente do Lions Clube de Módena e Willigelmo; membro da Academia Italiana da Cozinha; Governador do Panathlon Internacional.


MILITARES


Realmente, dos homens de armas se encontram alguns Bellei na carreira militar dos Duques de Módena. Em 1607, o Capitão Giovanni Bellei foi enviado pelo Duque César a Acquaria de Montecreto (MO) para assumir o comando militar naquela região. O Duque Francisco I, conhecido como O Guerreiro, em 1659 envia sempre a Acquaria, o Capitão Pietro Bellei com a função de comandante de um destacamento militar dos duques. O Duque Francisco III, em 1738, pelo mesmo motivo e no mesmo lugar envia o Capitão Ângelo Bellei.7 Os três capitães Bellei entram no rol das famílias ricas do lugar, as quais treinavam os filhos mais dotados aos estudos, seja na área militar, seja no eclesiástico. As filhas, obviamente, contraíam matrimônio com os filhos das famílias mais abastadas. De fato, uma filha do capitão Ângelo Bellei, de nome Lúcia, casa-se com Bartolomeo Carlotti Bellei, ex-capitão do duque, dando-lhe um filho, Andrea, que foi batizado em 9 de julho de 1739 na igreja paroquial de Acquaria por Dom Michele Carlotti Bellei. Como é sabido, no passado, os filhos das famílias nobres, quando se uniam em matrimônio, assumiam ambos os sobrenomes. Descendentes dos Carlotti de Acquaria é o Comendador Giancarlo que reside em Módena e que ainda possui o palácio residencial, com torre e oratório, no centro de Acquaria, além de terrenos, bosques e casas na Fignola della Santona.


7- Os dados foram retirados dos registros paroquiais de Acquaria e das Listas das Milícias Ducais, envelope n°. 17, junto ao Arquivo de Estado.


SACERDOTES


Depois do já citado Dom Battista Bellei, sacerdote por volta de 1552 na paróquia de Mocogno, se encontra um Giovanni Maria Bellei em 1656, secretário do bispo de Módena. Em 1714, Dom Pietro Bellei é reitor da paróquia de Miceno, enquanto Dom Luigi Bellei em 1864 e por muitos anos dirige a paróquia de Monzone, a 8 km de Pavullo. No âmbito eclesiástico, tudo o que é verificado em Acquaria entre 1640 e 1733 é extraordinário. Como se fosse acordado um direito de sucessão, os três sacerdotes de nome Bellei se alternaram na condução da Paróquia. São filhos daqueles três capitães que foram enviados àquele lugar para comandar a milícia dos duques. Como se percebe dos registros de batismos vistos por mim, em 1988, fornecidos pelo pároco Dom Giorgio Bellei, então reitor da paróquia do Espírito Santo na Rua Irmãos Rosselli em Módena. Os três párocos citados são:


Dom Mário Bellei: de 1640 a 1658;

Dom Michele Bellei: de 1658 a 1699;
Dom Felice Bellei: de 1699 a 1733.

Na igreja paroquial de Acquaria, dedicada a Santo André, existe até hoje um altar (o primeiro à direita, entrando) dos Bellei, datado de 1704, acima do qual se encontra um grande quadro no qual está representado o bispo de Módena, Monsenhor Ludovico Masdoni, junto ao pároco Dom Felice Bellei. Também em Sassuolo, párocos Bellei se tornaram sacerdotes. Recorda-se Dom Tommaso Bellei, que em 1750 foi nomeado prior durante uma visita pastoral do bispo de Módena, Monsenhor Filippo Catani, e o canônico Domenico Bellei que, em 1774, mandou colocar um relógio solar sobre a fachada da Igreja de São Francisco.


PINTORES


Gaetano Bellei

Nasce em Módena em 22 de janeiro de 1857, filho de Lorenzo Bellei e Vienna Molinari, ambos de Módena. Freqüenta a Academia de Belas Artes em Módena, onde tem por mestre Adeodato Malatesta. Com pouco mais de vinte anos, vence o Concurso Poletti de pintura e ganha uma bolsa de estudos para aperfeiçoamento artístico em Roma e em Florença. Nos anos de 1879, 1890 e 1891 apresenta três obras, entre as quais, a última, a célebre "Resfa" que suscita vivazes e contrastantes críticas, por ser considerada universalmente a melhor obra de pintura de arte contemporânea de Módena. Em 1892 expõe uma série de quadros na Real Academia de Londres, suscitando grande interesse e lisonjeiros pareceres da crítica. Enquanto isso, se inscreve na Academia de França e freqüenta simultaneamente a Academia de Espanha. Interrompe a sua atividade para prestar serviço militar. Obtida a licença, se transfere novamente para Florença, para terminar os estudos relativos à bolsa "Poletti". Em 1884 casa-se com Ismene Miniati, de Florença, que lhe dá dois filhos: Jole e Lorenzo. De volta a Módena, inicia uma abundante produção de pinturas conhecidas como "de gênero", das quais ele foi o maior divulgador na Itália e no exterior. Em 14 de setembro de 1894, foi nomeado sócio honorário da "Real Academia Modenense de Belas Artes" e, em 1896, acadêmico residente da Classe de Pintura da mesma Academia. Em 1905 participa da exposição universal de Liegi com as duas famosas pinturas do jogo de cartas "Ri melhor quem ri por último", conseguindo um sucesso sem precedentes. Em 1911 vence, com grande destaque, um concurso organizado pelo Ministério da Educação e é nomeado professor de desenho do Instituto de Belas Artes de Módena. Em 1914 decora e pinta a Capela Principal da Igreja de Santa Maria de Mugnano, depois "A Madalena" para a Igreja de São Domingos em Módena, em seguida um "Santo Antônio" para a igreja de Sorbara, de onde vieram seus antepassados. Gaetano Bellei morre em 20 de março de 1922, entre o lamento geral dos modenenses, que foram em massa, no dia 22, render a última homenagem no pátio do Palácio dos Museus. Certamente com a sua obra deu brilho à cidade que, por reconhecimento, lhe dedicou uma rua.

Ezio Bellei



Nasce em Magreta (MO) em 5 de julho 1921. Reside em Sassuolo, na Rua Montanara, 1411. Autodidata. Em 1960 começou a adquirir confiança com as cores e a freqüentar o ambiente artístico constituído por um compacto grupo de pintores amadores. Depois de alguns anos se retira em solidão, para dedicar-se a um gênero de pintura próprio, fruto de intensa pesquisa. Em seguida vem definido o "pintor de troncos de árvore." Nos seus quadros mais representativos imprimiu sobre a tela o sentido de uma existência humana, aquela existência humana em geral, e de mil existências, algumas das quais caracterizadas pelo sofrimento e alegrias repentinas. Por seu trabalho se interessaram muitos críticos, entre os quais Giorgio Ruggeri, Franco Selmi e Elda Fezzi. São numerosas as suas participações em mostras individuais e coletivas (em 60) em importantes espaços públicos e privados de cidades italianas. Bellei viveu o tema da arte não só como pintor, mas também como promotor cultural, promovendo mostras junto à galeria de Arte Moderna de Sassuolo, cidade onde é seu desejo fundar uma pinacoteca. Por isso quis ser o primeiro a dar ao município algumas de suas importantes obras. Nesta dimensão se coloca também a doação do retrato de Enzo Ferrari à administração municipal de Maranello, que o exporá no Museu Ferrari. Na ocasião da mostra "Retorno a Magreta", inaugurada em maio de 2001, doou à igreja de sua cidade um de seus melhores quadros: "O Cristo". Entre as suas obras mais apreciadas é necessário lembrar: "A minha Gioconda" e "Fragmentos vegetais" de 1974; "Madeira e forma" de 1976; "Forma e vegetal" de 1977; "Fragmento de paisagem" e "Homenagem a Graham Sutherland" de 1985; "Composição", 1986; "A minha madeira", 1987.

ATORES, CANTORES E MÚSICOS

Carmem Bellei

Nasceu em Módena em 1909. Começou a carreira de cantora lírica em 1930, obtendo louvores sucessivos. O jornal "La Gazzetta dell'Emilia" traçou um perfil da cantora escrevendo:

"...calorosos aplausos foram dados em homenagem, na sala de concertos da Rua Vittorio Emanuele em Módena, em 1931, diante de um numeroso e seleto público, a Carmem Bellei, que conquistou unânime apreciação, tanto para precisar conceder o "bis" da "Serenata" de Mascagni. A jovem artista, em sucessivas exibições em vários teatros, cantando sempre com espontaneidade e elegância, em particular na canção egípcia "De Janice", de Catalani; em "Balada medieval" de Nadir; em "Vem sobre o mar" de Gazzotti; e "Sorrisos e lágrimas" de Schubert. Teve assim início a sua carreira de cantora lírica, culminada com brilhantes interpretações nas óperas de Verdi, Puccini, Mascagni, Bellini, Rossini, etc."

Mino Bellei

Nasceu em 1932 em Gênova, onde vive e trabalha. É autor de espetáculos teatrais e diretor, e também ator de talento. As melhores interpretações aconteceram no teatro das artes com Aroldo Tiere e Juliana Lojodice. Entre as comédias de maior sucesso são citadas: "Um inspetor em casa Birling", de F.B. Prestley, com a direção de Sandro Sequi; "A vida não é um filme de Doris Day", do qual é diretor e ator com Ariella Reggio. Na comédia "Servo de cena" dedicada a Michelangelo de Módena, Mino dá o melhor de si com Ana Proclemer, Mário Maranzana e Lauretta Masiero. Ainda hoje (2002) está em atividade.


Marco Bellei

Nasceu em Módena em 1963. Estudou piano no Conservatório de Parma, onde se diplomou. Acompanhou cantores líricos de prestígio em muitos teatros italianos e também no exterior. Atualmente faz parte do Clube Lírico Mário de Mônaco. Recentemente acompanhou ao piano, no teatro do Instituto Sagrado Coração de Módena, os cantores modenenses: Bruno Bulgarelli (tenor) e Carlos Gozzi (barítono) em duetos com Halla Margret, nas músicas de Bizet, Gounot, Puccini e Verdi. Acompanhou também Franca Lanzotti diante de um numeroso público, que aplaudiu calorosamente e longamente o espetáculo.

TABELIÕES, ADMINISTRADORES PÚBLICOS E CHANCELERES

Domenico Bellei

Nasce em Quarantoli (Carpi) em 1731. Concluiu os estudos na Universidade de Módena, obtendo o diploma de doutor em direito e depois se torna notário. O Duque Rinaldo III, em 1782, o nomeia comissário de Sassuolo. E Bellei desenvolve a tarefa recebida tão egregiamente, tanto que sob o aspecto legal e o social leva Sassuolo a um nível administrativo nunca antes registrado. O duque fica muito satisfeito com o fato, a ponto de lhe conferir outros prestigiosos encargos. De fato, em 1776, o nomeia comissário feudal de Montegibbio e economista dos bens públicos e eclesiásticos. Pouco tempo depois, lhe confia o encargo de comissário da guerra de Bassa - Província de Frignano, prefeito do município, superintendente das reservas e fábricas ducais de Sassuolo. Quando o exército de Napoleão, derrotados os austríacos, entra na Rua Emília em Piacenza, em 1796, o duque foge de Módena, embarcando no cais do Naviglio (atrás do Palácio Ducal) para alcançar Veneza, seguido de incontáveis barcos carregados de cortesões, víveres, vestuários, ouro e objetos preciosos. Antes de partir, deixa o governo de Módena ao Marquês Rangoni e as fábricas de Sassuolo a Domenico Bellei. Os franceses, chegando a Sassuolo, não depõem o governador, mas lhe exigem dois tributos: administrar a cidade segundo os princípios de liberdade e igualdade e arrecadar os impostos, sempre mais pesados, impostos pelos ocupantes. Diante de tais circunstâncias se comportam com igualdade. Em 1807 morre entre o lamento de todos os habitantes de Sassuolo. A nobreza da família Bellei de Sassuolo já era reconhecida desde o início de 1700, mas Domenico Bellei contribuiu para engrandecê-la notavelmente. O brasão apresenta, entre outros, dois leões rampantes similares àqueles que figuram em todo campo, no brasão do Vale d'Aosta.

ESPORTISTAS

Otello Bellei

Jogador. Nasce em Módena em 1904. Ainda jovem inicia a carreira no Módena F.C.. Em 1926 começa a fazer parte do primeiro time, quando o campeonato italiano era organizado por Ligas (Liga Norte e Liga Sul). Desde então o Módena consegue permanecer entre os melhores times. No campeonato infantil 1927-28 se classifica em 5o. lugar, atrás de Bolonha, Juventus, Casale e Internazionale, com a seguinte formação: Brancolini; Boni e Aimi; Dugoni, Alice e De Pietri; Bellei, Rier, Manzotti, Mazzoni e Piccaluga. Este time, no campeonato seguinte, conquista o 6o. lugar. No 1o. campeonato, num torneio único (1928-30 entre 18 times), o Módena se classifica em 12o. lugar, e no torneio seguinte chega a 10o. lugar. Otello acompanha o Módena também quando foi rebaixado para a série B. Põe um fim à carreira de jogador aos 31 anos de idade.

Sílvio Bellei

Aviador acrobata. Nasce em Sassuolo em 18 de novembro de 1925. Uma paixão inata pelo vôo o leva bem rápido a conseguir um brevê de piloto. Mas depois não se contenta em pilotar avião de turismo, porque seu desejo secreto é o de freqüentar a escola de vôo acrobático. Consegue seu propósito, em pouco tempo aperfeiçoa técnicas mais audaciosas, obtendo, ao fim do curso, o apropriado brevê com nota máxima. Depois disso participa de numerosas manifestações, não somente na Itália, mas também no exterior, conquistando inúmeros troféus. Enquanto isso, amadurece nele o desejo de construir em sua Sassuolo (já no limiar de 40.000 habitantes) um campo de aviação. Para este fim constitui, junto com outros apaixonados, o grupo aeronáutico "Cidade de Sassuolo". Em 1985 o grupo conta com uma centena de sócios, os quais decidem fundar na Rua Âncora, o Aero Clube do qual Sílvio vem a ser o primeiro presidente. O conselho diretivo, em 1986, decide construir, sempre na Rua Âncora, uma sede dotada de bar-restaurante e ainda construir em um lado do campo de aviação uma pista para helicópteros, para ser usada como pronto-socorro ou serviço de emergência. Em seguida vem ainda a aquisição de um pequeno aeroplano apto para o vôo acrobático. Por ocasião do aniversário do aeroporto, diante de mais de 1.000 espectadores, foi oferecido um espetáculo de prender a respiração, pelas evoluções acrobáticas exibidas pelos pilotos preparadíssimos, entre os quais o excelente Sílvio Bellei. A grande paixão pelo vôo nunca mais abandonou Sílvio, a tal ponto que, com o passar dos anos, de vez em quando ele subia ao céu, apenas para admirar, em uma olhada, a sua cidade.

Davide Bellei

Nasce em Módena em 1938. Ainda muito jovem começa a freqüentar o Ginásio Esportivo da Sociedade Panaro, onde o instrutor Mário Frigerio o inicia na prática da luta greco-romana, disciplina que, além da força física, requer talento, técnica e rapidez de reflexos incomuns. Com a idade de 17 anos torna-se campeão provincial na categoria peso leve. Em 1956 e 1957 conquista o título de campeão da Emília-Romanha. No ano de 1958 foi selecionado para participar do campeonato italiano que aconteceu em Bari, onde se classifica em 2o. lugar absoluto e em 1o. entre os Sub 21. O serviço militar o impediu de continuar uma brilhante carreira que provavelmente o levaria a conquistar o título italiano absoluto. Conseguindo dispensa no ano de 1960, se dedica ao difícil trabalho de lanternagem, chegando depois a constituir, com os filhos, a Empresa Bellei Davide s.n.c. no momento entre as maiores do setor.

Roberto Bellei

Motociclista - Nasce em Sassuolo em 1970. Depois de uma série de vitórias na categoria Sub 21, em 1992 torna-se campeão da Itália do "Sport Production classe 125", no circuito de Monza com uma moto Cagiva. O jornalista Otto Malagoli, no "Resto del Carlino", assim descreve o ocorrido:

"Na corrida que teria decidido quem seria merecedor do título, Bellei tinha partido com uma margem de nove pontos sobre o mais próximo adversário. Sobre a pista de Monza o piloto da Associação Motociclista de Módena conduziu a prova com uma tática sem riscos. Roberto foi o terceiro no ano passado no campeonato Sub 21: os seus progressos são evidentes. Com 22 anos, o futuro está em suas mãos. Tudo está em saber desfrutar da melhor maneira, como tem feito até hoje, o hábil motociclista. Lusvardi tem muita confiança no jovem, confiança partilhada pela Cagiva."

Roberto Bellei, na sua breve carreira, conquista outros importantes troféus, alcançando depois o oitavo lugar no mundial de 1994.


Nello e Enrico Bellei

Jóquei – São pai e filho. Nello nasce em Módena em 1930. Desde jovem é tomado por uma grande paixão por cavalos, tornando-se então um dos premiados jóqueis nacionais. É aluno de Sérgio Brighenti, quando, em 1950, em Turim, conquista a primeira vitória. Tornando-se o segundo jóquei de Vivaldo Baldi, conquista o primeiro grande prêmio, em Módena, na Ghirlandina. Nos anos sucessivos tornou-se campeão da Itália por onze vezes. Quando decidiu desenvolver a sua atividade em Montecatini Terme, transferiu-se com a família para S. Marcello Pistoiese. Em 1963 nasce um filho de nome Enrico, ao qual deseja passar a sua paixão pelas corridas de cavalos. Enrico, digno filho do mítico pai, aos 19 anos estréia na pista. Ele também vence o primeiro "Grande Prêmio de Módena" (no "Renzo Orlandi"). É o início de uma longa série de vitórias, e também estabelece recordes. De fato, em 1º de agosto de 1996 consegue seis vitórias; em 3 de dezembro de 2000, em Florença, de novo seis vitórias. Por seis vezes lhe é concedido o grande prêmio "O Chicote de Ouro", pelo número de vitórias obtidas, ou seja: 202 em 1992, 278 em 1995, 326 em 1996, 324 em 1997, 364 em 1999 e 422 em 2000. Além disso, em 2001, superou as 3.000 vitórias. Na classificação mundial, pelo número de vitórias obtidas em um ano ficou no 4º. lugar. O jornalista Sandro Picchi no "Resto del Carlino" escreveu:

"É necessário correr todos os dias para ser bom como Enrico Bellei, um cavaleiro completo, com um grande senso de ritmo e com uma elasticidade tática que nem mesmo seu pai talvez possuísse."

Enrico Bellei busca a quantidade. Busca-a sobre as pistas lamacentas do inverno, nas noites de verão dos hipódromos, nas corridas de campeões: naquelas dos "brocchi", nas metrópoles e na província. Em qualquer lugar que seja para vencer. Mas não faltam os grandíssimos prêmios na lista de ouro de Bellei: um Derby e uma Loteria de Merano em 1977. Os seus admiradores o chamam "Filho do Vento". Considerando que Enrico ainda está em atividade, certamente sua lista de títulos se enriquecerá de outras grandes vitórias.

EMPREENDEDORES


Wálter Bellei

Nasceu em Sassuolo em 30 de julho de 1920. Ainda jovem começa a trabalhar na Fundição Corni. Em 1940 é convocado a prestar o serviço militar e destacado no 4º. Regimento Motorizado sediado em Trieste. No dia do Armistício (8 de setembro de 1943) se encontra em Bolzano, onde se esconde junto a uma família que o hospeda até o final do conflito. No pós-guerra funda a "Empresa Wálter Bellei" com sede em Módena na Rua Sabbatini no. 13. É uma empresa individual na qual o titular exerce a atividade de concessionário de automóveis, caminhões, tratores, motores industriais Ford de produção inglesa, alemã e americana. A empresa se especializa na utilização de motores diesel em qualquer equipamento industrial e em caminhões, mediante o acoplamento do motor com um "flange", fabricado pela empresa e registrado conforme patente no. 83.377 do Ministério da Indústria e Comércio. Firma-se e consolida-se além dos produtos acima citados, também nas transformações por remontagem, na montagem de motores diesel em caminhões e de pás mecânicas dos grupos industriais Ford. Tem notáveis relações internacionais através da Ford Italiana S.p.A. com sede em Roma. Na Itália desenvolve a rede comercial, particularmente em Módena. A empresa sempre oferece aos seus clientes maquinários apropriados, eficientes e seguros. Em 1980 constitui a Wálter Bellei S.p.A. Ford e transfere a respectiva sede, sempre em Módena, para a Rua Emília Est no. 1.127, em um imóvel construído, propositalmente, com oficina anexa e loja de peças de reposição. Pelos muitos méritos conquistados, em 1970 lhe é conferida a honraria de Cavaleiro da República; em 1975 é designado Comendador e em 2 de junho de 1996 é condecorado com a Cruz de Grande Oficial. Finalmente, deve-se acrescentar que Wálter não viveu somente para a atividade comercial, mas também encontrou um modo de cultivar a paixão pelo esporte, patrocinando o time de futebol juvenil masculino e feminino. O "Corriere dello Sport", em atenção, lhe concede o "Discóbolo de Ouro" por méritos esportivos.

Giuseppe Bellei

Nasceu em Bomporto em 1943. Herda do avô (fundador, em 1920, da Cantina Vinícola Francesco Bellei e Filhos) a paixão pela enologia. Trabalha assiduamente durante anos no ambiente do negócio, acompanhando cuidadosamente cada fase da preparação e se prendendo, em particular, na fermentação natural em garrafa que produz o "frisante Lambrusco". E é a fermentação de vinhos que o envolve a ponto de um dia decidir ir à França, terra dos espumantes mais famosos, para estudar o método Champenois. Retorna convencido de que pode introduzir o método francês também na sua adega. Para fazer a experiência, sabe que, antes de mais nada, deve plantar as mudas em colinas bem ensolaradas. Procura e encontra, perto de Riccò di Serramazzoni, o lugar mais adequado, onde logo começa a plantar muitíssimos vinhedos franceses de Pinot Negro e de Chardonnay. Após alguns anos, consegue produzir um espumante de qualidade, que faz com que obtenha amplo reconhecimento. Giuseppe, enquanto isso, muda a razão social da empresa para Cantina Vinícola Francesco Bellei S.r.l.. Mas Giuseppe, há algum tempo doente do coração, em 28 de dezembro de 1998, não consegue suportar uma forte crise que lhe provoca um infarto. Tinha somente 55 anos. A "Gazzetta di Modena", em um artigo de três colunas, em 30 de dezembro de 1998, por ocasião de sua repentina morte, ressaltou a qualidade empreendedora de Giuseppe Bellei. O citado artigo, além disso, é também um resumo da sua vida, o qual considero oportuno transcrever na íntegra:

"Bomporto – morreu repentinamente Giuseppe Bellei, um dos mais conhecidos empreendedores vinícolas de Módena e de Emília. Bellei, conhecido como Beppe, tinha 55 anos e era o titular da "Cantina Francesco Bellei S.r.l.". Sua morte foi causada por um infarto. Bellei, há tempos doente do coração, estava em uma lista de espera para uma cirurgia, que resolveria o problema. Deveria ser operado em Verona e desde janeiro passado esperava por uma chamada. Ao invés disso, este golpe fatal, comenta ainda abalado o sócio, Giorgio Battilani. A geração de Bellei é uma geração "doc". Começaram com os avós: a "Cantina Francesco Bellei" foi fundada em Bomporto em 1920. Na empresa, hoje, está presente a quarta geração com o filho de Beppe, Christian."

Aurélio Bellei

Nasceu em Bomporto em 12 de dezembro de 1934. O pai, o avô e o bisavô foram cultivadores diretos, primeiro em território de Ravarino e, a partir de 1929, no município de Bomporto. Aurélio herda do pai Secondo a paixão pela viticultura e gradualmente transforma boa parte da fazenda em vinhedo. A alta qualidade do vinho produzido conquista bem rápido o paladar de entendedores e amadores que, de ano em ano, aumentam tanto que Aurélio nem sempre consegue atender a todos os pedidos. A partir de 1980 intensifica a implementação de outras mudas, meticulosamente selecionadas, para obter aquela uva escura "Lambrusca" conhecida desde os tempos da Roma antiga. Depois de alguns anos, Aurélio tem a grande satisfação de obter os maiores reconhecimentos no âmbito enológico. De fato, especialistas conhecedores e degustadores não hesitam em atribuir ao seu Lambrusco a Denominação de Origem Controlada (DOC) e Indicação Geográfica Típica (IGT) definindo-o: "Verdadeiro Lambrusco de Sorbara". Alcançando este prestigioso objetivo, Aurélio julga que tenha atingido o momento de ampliar e fortalecer a empresa Agrícola, dotando-a de maquinário moderno, a fim de aumentar a produção. Considerando, porém, que sozinho não pode assumir um empenho tão importante e oneroso, julga ser necessário envolver a família no projeto de transformação empresarial. Aurélio é pai de quatro filhos: dois homens e duas mulheres. Os dois homens seguiram caminhos diferentes: Gianluca trabalha em uma fábrica têxtil; Giampaolo, depois de ter freqüentado o Centro de Formação Profissional Nazareno de Carpi, torna-se cozinheiro em renomados restaurantes, entre os quais o famoso Restaurante Fini de Módena. Reunidos em família, Aurélio expõe o seu plano de modo claro e preciso:

"A empresa fez notáveis progressos: do lado comercial a demanda supera a oferta; por isto, se queremos manter alta a produção de vinho em relação à produção de uva, é necessário construir um galpão com instalações e equipamentos modernos. Se chega a tanto, será necessário empregar mão-de-obra qualificada, ou trabalhar todos na empresa. Neste caso, poderá haver uma notável economia que irá beneficiar toda a família."

Gianluca e Giampaolo compreendem que o pai se referia sobretudo a eles e declaram que estão disponíveis. Em pouco tempo foi construído o galpão projetado e reformada a casa de moradia. Em 1994, depois da instalação dos mais modernos equipamentos, iniciou-se o novo sistema de produção concentrado em qualidades de maior valor: o Lambrusco seco e o Lambrusco suave. Uma parte do vinho assim obtida foi engarrafada com o método tradicional, isto é, deixando que a última fase da fermentação ocorra dentro das próprias garrafas onde, sobre o fundo, se deposita uma fina camada de sedimentação; a outra parte foi filtrada esterilizada, para que nas garrafas não permaneça nenhum sedimento. No ano de 2001, a empresa produziu 200.000 litros de Lambrusco. Todo ano, cerca de 80% da produção é vendida a consumidores particulares, os 20% restantes a renomados restaurantes. A empresa Agrícola Aurélio Bellei, fundada em 1966 em Sorbara de Bomporto, neste ano de 2002, plantou outras 4.000 mudas selecionadas, com o objetivo de aumentar a produção do seu ótimo Lambrusco.

Luigi Bellei

Oitavo entre dez irmãos, nasceu em Ravarino em 1925. O pai Geminiano, nos anos que precedem a Primeira Guerra Mundial, além das cultivações dos campos, dedica particular atenção à produção do vinho típico da região: o Lambrusco. Da meticulosa seleção das vinhas, obtém resultados satisfatórios, pelo que o seu Lambrusco é sempre mais solicitado. Isto faz Geminiano dedicar-se preponderantemente à fabricação do vinho, mas sozinho receia não ser capaz de equipar e gerenciar uma grande adega. Então atrai para a empreitada o irmão Adolfo e juntos, em 1914, fundam a "Empresa Irmãos Bellei" – vinhos. Em um galpão próprio situado na Rua Maestra no. 1.446 em Casoni, Ravarino, conseguem dar início a uma satisfatória produção vinícola. Nos anos vinte estendem uma vasta rede comercial que divulga o excelente Lambrusco deles em toda Emília-Romanha. Em 1934 participam da Exposição Vinícola de Florença onde obtêm o prêmio mais ambicionado: A Medalha de Ouro com o respectivo diploma. Em 15 de março de 1941, os irmãos Bellei se separam e a empresa permanece toda com Geminiano que, posteriormente, deixa a Luigi a gestão da mesma. Decisão sábia, porque Luigi, animado pela grande paixão pela vinicultura, fortalece a empresa e aumenta a produção. Em 26 de fevereiro de 1966, com a morte do pai, encontra-se no dever de enfrentar sozinho todos os encargos financeiros e a responsabilidade administrativa da empresa. Em 1978 adquire um velho edifício de propriedade dos Rangoni, reforma-o e transfere para ali a sede da empresa com todos os equipamentos e maquinários. Pouco tempo depois muda também a razão social e constitui a "Empresa Luigi Bellei e Filhos s.r.l.". O seu renovado empenho foi premiado, em 1986, na Exposição Vinícola de Asti, com diploma e Medalha de Ouro. Luigi é bem casado e tem dois filhos (Maurizio e Mariangela), que, por anos, o ajudam eficientemente na organização e na execução dos trabalhos empresariais e comerciais. Superados os sessenta anos, Luigi se interroga e se convence de que deve diminuir o ritmo do trabalho até agora sustentado. Portanto programa entregar-se, em um futuro não distante, a uma atividade menos cansativa, permanecendo, porém, sempre no campo da enologia. Então, enquanto continua com assiduidade na produção do vinho, decide empenhar-se a fundo na produção do vinagre balsâmico, há tempo iniciada no galpão da empresa com centenas de barris. Para tal fim, adquire outros 1.600 barris de carvalho e os enche segundo uma antiga receita, que remonta aos primeiros anos do século XX, cuidadosamente guardada. A lenta e natural transformação do mosto fermentado confere um sabor agridoce ao produto que é denominado "Vinagre Balsâmico de Módena". Colocado no comércio, rapidamente conquista o mercado com vendas superiores a todas as previsões. Portanto cessa a produção de vinho e potencializa posteriormente a produção do balsâmico. Atualmente possui cerca de 2.200 barris que produzem um vinagre balsâmico de diferente envelhecimento. A gama dos vários produtos, confeccionados de modo mais refinado e exclusivo, invadiu os mercados de muitos países: da Alemanha ao Canadá, da França ao Gabão, da Inglaterra ao Brasil, da África do Sul aos Estados Unidos, da Holanda ao Japão. Luigi está satisfeito com o andamento da empresa, mas está ainda mais contente de desenvolver, agora, um trabalho que lhe dá um pouco de sossego. Concluída a história de sua longa atividade empresarial, a Luigi interessa muito a minha pesquisa sobre as origens dos Bellei e me conta que descende de uma família entre as mais antigas radicadas em Ravarino. Em atenção me mostra um "ponto de vista histórico-descritivo" escrito pelo professor Bruno Lodi, autor do livro "Itinerários ravarinenses". Do dito "ponto de vista histórico" ressalta-se que certo Marcho Bellè figura entre os batizados da Paróquia de Ravarino no ano de 1594. No arquivo histórico municipal de Nonantola, agregado a Ravarino, aparece Giuseppe Bellè, dito Velhinho, habitante da Pioppa vizinha ao Rio Panaro. Além disso se lê que:

"Domenico Bellei, chamado simplesmente Blè, é habitante na "Casa do Senhor Marquês Bonifácio Rangoni". Ainda habitante na Casa Rangoni, ao longo da Riviera do Panaro no número 249, encontra-se em 12 de maio de 1847, Geminiano Bellei, pai de Eugênio que, em torno do ano 1890, habita com a numerosa família, na casa do Marquês Lotário Rangoni situada no número 373 da Strada Nuova".

Entre os documentos consultados pelo professor Lodi resulta, desde 1780, a tendência dos Bellei a específicas atividades comerciais e artesanais manifestadas tanto em Ravarino quanto em Bomporto. Mas existe um fato muito importante para Luigi que é a aquisição, por parte de Geminiano e Adolfo Bellei, da posse da Adega. Constituída por cerca de 64 "biolche" (N.T.: antiga unidade de medida de superfície), posse que, como já mostrado, em 1941 permanece, por divisão, inteiramente com Geminiano

"que deu o maior brilho à família por seu notável dom empreendedor na agricultura, dirigindo por muitos anos, de modo inigualável, como administrador, o vasto latifúndio dos Rangoni."

Luigi está orgulhoso de ter tido um antepassado semelhante e está satisfeito com o que o professor Lodi colocou em evidência no último parágrafo do seu "ponto de vista histórico-descritivo" a respeito das relações passadas entre os Rangoni e os Bellei

"documentadas por cerca de três séculos de história local, desenvolvidas em tempos recentes tão intensamente que são conhecidas por todos."

De Marcho Bellè a Luigi Bellei são transcorridos mais de quatro séculos durante os quais os Bellè-Bellei escreveram uma página da história menor de Ravarino.

DIRIGENTES

Válter Bellei

Nasceu em Ravarino em 2 de outubro de 1934. Terminado o 2º. grau, se inscreve na Faculdade de Engenharia Química na Universidade de Bolonha. Durante os estudos universitários desenvolveu atividades laborativas. Aprovado em um concurso nacional, de 1958 a 1960 torna-se chefe de estação ferroviária, primeiro em Verona, depois em Brennero. Forma-se no ano acadêmico 1962-63. Em 1964 inicia as atividades profissionais como chefe de fábrica no engenho de açúcar de Finale Emília, com a responsabilidade de especificar e controlar novos equipamentos, além da própria produção. Em 1968 foi trabalhar no canteiro de Argelato (BO), com a responsabilidade de controle e gestão do novo complexo industrial e ali permanece até 1971. Permanecendo no âmbito da Sociedade Italiana para a Indústria de Açúcares, no período de 1971-74 foi transferido para Gênova junto ao Escritório Técnico da Direção Central; depois de 1974 a 1980 dirige o engenho de açúcar de Finale Emília. No período de tempo que vai de 1980 a 1986, foi-lhe conferida a responsabilidade de dirigir os engenhos de açúcar de Lendinara (BO) e de Porto Tolle (RO). Em 1987 recebe também a nomeação para diretor do estabelecimento de Mirândola (MO), onde se desenvolve a atividade de ensacamento do açúcar produzido por outras fábricas. Em 1991, em acréscimo àquelas precedentes, recebe a responsabilidade da direção dos antigos engenhos de Crevalcore (BO) e Argelato (BO) para o armazenamento, empacotamento e ensacamento do açúcar, com uma estrutura organizacional com 30 empregados. Em 1994, alcançados os 36 anos de contribuição previdenciária, demite-se de todos os encargos da Sociedade Italiana para a Indústria de Açúcares, inscreve-se na Ordem dos Engenheiros, depois freqüenta o "curso de especialização em segurança no trabalho para consultores externos e responsáveis do serviço de prevenção", organizado pela Ordem dos Engenheiros da Província de Módena. Ao término do dito curso, inicia a atividade de profissional liberal com os encargos de consultor externo para a segurança, avaliação de riscos, certificados de prevenção de incêndio nas empresas e testes estáticos de prédios industriais e habitacionais. Até aqui o engenheiro Bellei em carreira e depois profissional liberal. Mas Válter, quais origens há por nascença? Foi constatado que descende de uma família que no início do século XVIII já era radicada no território de Ravarino, a poucos quilômetros de Bomporto. Voltando no tempo, Válter chegou em suas pesquisas até o trisavô Francesco. O avô Ugo (1878-1971) tinha casado com Clementina Pedretti (1879-1919), com a qual teve onze filhos. Sobre a avó Clementina existem muitas coisas interessantes para contar. Antes de mais nada, é necessário dizer que descendia de uma família que parece ter sido perfeitamente autóctone do território de Ravarino e Stuffione. De fato, um Antônio Pedretti existia no ano de 1467. Muita importância tiveram as famílias Pedretti de Stuffione do fim do século XVI até o início do século XIX. Foram proprietários de latifúndios, de edificações e construtores de vilas onde habitualmente residiam e permaneceram por dois séculos, constituindo a mais importante dinastia de Stuffione. O sobrenome Pedretti lembra o trabalho e o comércio da pedra (informações obtidas do livro "Itinerários ravarinenses" de Bruno Lodi). Isto posto, merece ser recordado um acontecimento do qual foi protagonista um primo de Clementina, de nome Ettore, que se tornou famoso em 1928 durante a expedição de Nobile ao Pólo Norte. Em consideração, na "Gazzetta di Modena", em 14 de abril de 2001, apareceu um artigo assim intitulado:

"O homem que poderia salvar Nobile"

e, no subtítulo:

"Um modenense, Ettore Pedretti, intuiu a posição dos sobreviventes, mas não foi levado a sério".

O jornalista Fábio Montella escreveu:

"Em 1928, um modenense podia salvar rapidamente Umberto Nobile e os outros sobreviventes do dirigível Itália. Deste modo seria interrompida a busca, que custou a vida de tantos homens, incluindo o explorador norueguês Roald Amundsen. O nome deste herói ausente é Ettore Pedretti, nascido em Ravarino em 1893. A sua feliz intuição não mudou a história porque outro modenense, Ugo Baccarani, de Concórdia, e o seu superior direto, o comandante Giuseppe Romagna, não acreditaram nele. Romagna, como declara o americano Wilbur Cross em seu livro "Desastre no Pólo", obstruiu muitas vezes a missão de resgate a Nobile e retardou as equipes de socorro, quando o dirigível Itália caiu sobre o mar de gelo. O desastre aconteceu em 24 de maio de 1928, poucas horas depois que a aeronave tinha sobrevoado o Pólo Norte. Por causas nunca esclarecidas, o dirigível perdeu altitude, bateu a cauda sobre um pedaço flutuante de gelo, e continuou o seu vôo com seis homens da tripulação a bordo, dos quais não se sabe nada mais. Outros dez homens, entre os quais Nobile, foram arremessados a terra. Só um morreu, enquanto os outros começaram uma luta pela sobrevivência que durou quarenta e oito dias... Em 29 de maio Pedretti, que se encontrava a bordo do navio "Cidade de Milão" em apoio à expedição, estava com os fones de ouvido do rádio quando saltou em pé; tinha decifrado uma única palavra: "Itália" e pouco depois uma breve mensagem: "Respondam via Ido 32 k". Era Biagi com o rádio em ondas curtas que tinha salvado no impacto. A palavra Ido referia-se a estação romana de São Paulo de onde se podia receber com clareza. E a letra k significava urgente. Agarrou Baccarani por um braço e gritou: "É o Itália! Está nos chamando!". Mas Baccarani disse que se tratava de Mogadiscio, e também o comandante Giuseppe Romagna não quis acreditar que o SOS estivesse vindo realmente do dirigível desaparecido. Nem ao menos se preocuparam em verificar com a estação de Mogadiscio. Ao retorno Nobile confirmou que tinha sido Biagi a enviar aquela mensagem".




Pedretti tinha razão. De qualquer modo a sua parte a tinha feito notavelmente. Mais que um herói ausente foi um herói incompreendido. Em síntese, pode-se dizer que o caráter dos Pedretti encontrou correspondência naquele dos Bellei. Foi uma ótima fusão.





Giorgio Bellei

Nasce em S. Giovanni em Persiceto em 1940 de família originária de Ravarino (é primo do engenheiro Válter Bellei). Diploma-se junto ao Instituto Técnico G. Guarini de Módena. Para cumprir o alistamento militar, em 1960 freqüenta a Escola Preparatória de Oficiais de Lecce, pela qual sai com o grau de subtenente. Cumpre o serviço, sendo a primeira designação em Trento, depois em Vipiteno onde termina o período militar. Cessado o serviço militar, empreende a atividade que lhe é congênere: técnico em edificações. Depois de um período de estágio, em pouco tempo cumpre uma rápida escalada de encargos no âmbito profissional: torna-se assistente, depois chefe de canteiro, chefe de filial, chefe de área, diretor técnico de importantes empresas de construção, depois gerente de projetos de grandes complexos prediais assinados por projetistas de fama, entre os quais o arquiteto Renzo Piano. Desenvolve a atividade prioritariamente na Itália (Emília, Trentino, Puglia, Calábria, Sicília, Piemonte, Lombardia) e, eventualmente, também no exterior, onde executa a supervisão de filiais, estipula contratos de empreitada, efetua pesquisas comerciais e estudos particulares. A vasta experiência adquirida e a reconhecida habilidade o levam a exercer a profissão liberal, executando encargos contratuais e de consultoria. Portanto, no que diz respeito à ascendência de Giorgio, vale reportar à biografia do primo Válter Bellei.

Franco Bellei

Nasceu em Módena em 24 de abril de 1944. Em 1969 se formou em Ciências Biológicas pela Universidade de Módena; em 1975, em Sociologia pela Universidade de Urbino. Exerceu, no próprio escritório, a atividade de consultor de economia e organização empresarial. Está inscrito no Registro de Revisor Contábil. A atividade profissional desenvolvida desde 1970 em vários campos é inacreditável. De fato, ocupou e ocupa ainda hoje cargos de grande prestígio: de conselheiro a dirigente, de docente pela Universidade de Módena a responsável comercial e chefe de pessoal, de presidente de fundação a componente de colégio sindical, de presidente a administrador encarregado de banco. Em 1996, na qualidade de administrador encarregado do Rolo Banca 1473, tornou-se vencedor (juntamente a IMI de Rainer Masera e a Vittorio Serafino) do ranking das financeiras italianas realizado pela "Lombard, The Italian Magazine of International Finance". Bellei e IMI entraram no topo da elite como banqueiro e banco do ano. Recentemente, com base nos resultados consolidados em 31 de dezembro de 2000, Rolo Banca 1473 diminuiu mais de 4 pontos na relação cost/income, passando de 45% a 40,8% enquanto a inadimplência alcançou os mínimos históricos do grupo, em 0,9%. Mas o que mais surpreende, além da qualidade, é a quantidade dos cargos ocupados até hoje. Antes de indicar os mais importantes, penso que seja significativo enumerá-los estatisticamente:

-por 21 vezes foi nomeado conselheiro de entidades públicas e privadas;
-por 8 vezes, presidente de várias entidades dentre 2 bancos;
-por 4 vezes, membro de conselho e comissão;
-por 3 anos letivos (1992/1995), docente junto à Universidade de Módena;
-por 2 anos, componente do Collegio Sindacale C.I.P.R.O. S.p.A. – Módena;
-de 1976 a 1980, responsável pelo departamento de pessoal da "Caprari Fabbrica Pompe S.p.A." – Módena;
-de 1987 a 1991, presidente do "Cassa di Risparmio di Modena";
-de 1988 a 1993, vice-presidente, depois presidente da GESPRO – Módena;
-de 1991 a 1992, presidente do "Mediocredito Emilia Romagna INER" – Bolonha;
-de 1991 a 1994, presidente da "Fondazione Cassa di Risparmio di Modena";
-de 1991 a 1995, administrador delegado do "Carimonte Banca S.p.A." - Bolonha.

Esta, em síntese, a atividade profissional relativa ao período 1970-1995. Franco Bellei, no ano de 2001, fez 57 anos, idade na qual alcança um alto profissionalismo, superou o limiar da notoriedade não somente na Emília-Romanha, mas também na Umbria e na Lombardia. Confirma-o o fato de que, atualmente, ocupa onze cargos importantes, que descrevo brevemente:

- Administrador delegado do "Rolo Banca 1473 S.p.A." – Bolonha (desde 1996);
- Conselheiro do "Carimonte Holding S.p.A." – Bolonha (desde 14.02.2000);
- Conselheiro do "Unicredito Italiano S.p.A." – Milão (desde 28.04.1997);
- Conselheiro do "Credit Carimonte S.p.A." – Módena (desde 01.01.1996);
- Conselheiro e componente executivo da "Associazione Bancaria Italiana" – Roma (desde 23.06.2000);
- Conselheiro e componente do comitê executivo "Cassa Risparmio Carpi S.p.A." – Carpi (desde 19.06.2000);
- Conselheiro "S.R. Investimenti e Gestioni" – "Società di Gestione del Rispamio S.p.A." – Milão (desde 28.06.2000);
- Conselheiro "Mobirolo S.p.A." – Reggiolo (RE);
- Conselheiro "Banca dell'Umbria 1462 S.p.A." – Perúgia (desde julho 2000);
- Conselheiro "MedioCredito dell'Umbria S.p.A." (desde abril 2000);
- Conselheiro "Rolo Pioneer S.p.A." – Bolonha (desde 24.07.2001);
- Conselheiro "Nomisma" – Bolonha (desde 28.05.2001).

Ultimamente, em dezembro de 2001, alcançou a mais importante das metas: na qualidade de presidente do conselho de administração do "Rolo Banca 1473", deu o "de acordo" à fusão com o "Unicredito Italiano", projeto que dará vida a um grupo de estrutura federal que, até o exercício de 2002, constituirá três novos bancos nacionais especializados no segmento de clientes. Os bancos federais (Credito Italiano, Rolo Banca 1473, Cariverona, Banca CRT, Cassamarca, Caritro, CRTrieste) adotaram um idêntico modelo organizacional e comercial e terão sede em Bolonha, assim como a direção nacional. Para ele é certa a vice-presidência, cargo que assumirá a partir de 22 de novembro de 2002.




O Unicredito Italiano terá 6 milhões de clientes, 2.800 filiais e 23.000 empregados. Esta operação de grande porte colocou em evidência, uma vez mais, a brilhante inteligência e extraordinária capacidade de intuição de Franco Bellei, o qual, estando hoje longe de encerrar sua atividade profissional, se coloca já entre os Bellei que deram brilho à estirpe.




MÉDICOS

Sílvia Bellei

Nasce em Pavullo em 1953. Freqüenta a Escola Científica A. Tassoni em Módena, para onde se transfere com a família. Em 1970 termina o 2º. grau, em seguida se inscreve na Faculdade de Biologia junto à Universidade de Módena. Forma-se com nota máxima em 1974. Em seguida, freqüenta a Faculdade de Medicina e em 1978 obtém o segundo diploma. Em seguida, dedica-se ao estudo da oftalmologia e em 1982 obtém a especialização. Inicia a atividade profissional no Posto de Saúde nº. 16 de Módena e ao mesmo tempo abre um consultório médico em Corso Canalgrande. Logo a sua habilidade é reconhecida no âmbito médico público e privado. De fato, foi chamada a efetuar, periodicamente, visitas nos ambulatórios dos Postos de Saúde de Sassuolo, Pavullo e Castelfranco Emília. Devido ao grande número de pacientes particulares, transfere seu consultório médico para a Viale Medaglie d'Oro nº. 20, instalando ali aparelhagens modernas em adequados espaços. Efetuou publicações de vários gêneros, entre os quais alguns, muito divulgados, sobre oftalmologia pediátrica.

Outros médicos

Bellei dr. Sílvio – Módena
Bellei dr. Carlo – Sassuolo
Bellei dr. Mauro – Sassuolo
Bellei dr. Roberto – Sassuolo

PROFISSIONAIS LIBERAIS EM VÁRIOS SETORES

Bellei prof. Pier Luigi - Módena
Bellei eng. Renzo - Sassuolo
Bellei arq. Rita - Módena
Bellei dr. Franco - Módena
Bellei dr. Cesare - Módena
Bellei eng. Paolo - Sassuolo
Bellei adv. Gianni - Formigine
Bellei eng. Válter - Finale Emília
Bellei geom. Auronzo - Sassuolo
Bellei geom. Simone - Sassuolo
Bellei p.i. Andrea - Bomporto
Bellei cont. Federico - Albareto
Bellei Mussini arq. Giuseppe - Módena
Bellei p.i. Pietro - Módena
Bellei cont. Cristina - Módena
Bellei geom. Stefano - Módena
Bellei geom. Franco - Formigine
Bellei dr. Gianni – Formigine

BELLEI NO EXTERIOR

Giovanni Bellei

Nasceu em San Felice sul Panaro em 1949. Formado em engenharia, emigrou para o México, onde abriu um escritório para exercer a profissão, distinguindo-se também no campo sócio-cultural e econômico. O "Resto del Carlino", na data de 7 de janeiro de 1986, através do jornalista Riccardo Pellati, publicou o seguinte artigo com fotografia e amplo destaque:

"No México importante encargo ao eng. Giovanni Bellei. O sanfeliciano presidirá uma câmara de comércio.

O eng. Giovanni Bellei, regressado ao México, onde por anos exerce a sua profissão, teve a honra de ser chamado a presidir a Câmara de Comércio Italiana, sucursal de Quoretaro."

O jornal "Noticias" de 11 de novembro de 1985, na página cinco, refere que:

"O eng. Giovanni Bellei afirmou que seu plano principal é fomentar as atividades sócio-culturais e as importações e exportações junto à Câmara de Comércio Italiana no México."

Por uma carta obtida por nós temos o conhecimento de que o eng. Bellei, sendo agora conhecedor da língua espanhola, pela emoção deixou escapar uma expressão em dialeto sanfeliciano que os numerosos presentes salientaram com um simpático aplauso. O engenheiro de San Felice, com 37 anos, aos seus já numerosos compromissos profissionais, acrescentou agora este importante e delicado encargo que também procurará cumprir da melhor maneira, sobretudo na intenção de favorecer as relações comerciais com a Itália.

Onde e quantos são os Bellei, em Módena e província, titulares de um número telefônico (dados obtidos dos catálogos telefônicos de 2002)


Módena 181
Bastiglia 2
Bomporto 45
Campogalliano 4
Carpi 16
Castelfranco Emília 4
Castelnuovo Rangone 5
Castelvetro 2
Cavezzo 6
Finale Emília 14
Fiorano 4
Formigine 36
Guiglia 1
Lama Mocogno 2
Maranello 13
Medolla 1
Mirandola 15
Montecreto 7
Montese 1
Nonantola 16
Pavullo 28
Polinago 1
Prignano 1
Ravarino 14
San Felice sul Panaro 10
Sassuolo 73
Savignano sul Panaro 1
Serramazzoni 2
Soliera 10
Spilamberto 2
Vignola 11
TOTAL 528


Os Belloi e os Bellelli são os Bellei cujo sobrenome foi transcrito de modo errado.

OS BELLEI E OS BELLEY NOS EUA

Daniel Bellei 723 W Finnie Flats Rd, Camp Verde , AZ (928) 567-6212
John Bellei 745 N Noble St, Chicago , IL (312) 829-7962
Star Bellei 248 Evening Canyon Rd,Corona Del Mar,CA (949) 644-5885
T Bellei Los Angeles, CA (323) 936-3786
Terry Bellei 1244 W Fork Dr, Lake Forest, EL (847) 295-3238
Andre Belley 2328 Charles Rd Hallandale, FLAndre
Janet Belley 38 Smith St Leominster, MA
B Belley Sitka, AK
Celine Belley 7201 E Us Highway 80Yuma, AZ
Clement Belley 324 Ne 46th St Pompano Beach, FL
D Belley 55 White St Lowell, MA
D A Belley 276 Middlesex Rd Tyngsboro, MA
Daniel Belley 20139 Forest Dr Spring, TX
Daniel Belley 4290 Cypress Hill Dr Spring, TX
David Maureen Belley Forest Dunstable, MA
Douglas Belley 1406 Clear Springs Dr Kerrville , TX
Frincine Belley 16860 Us Highway 19 N Clearwater, FL
Gaetan Belley Palo Alto, CA
Guylaine Belley 20139 Forest Dr Spring, TX
Jacques Belley 299 N Riverside Dr Pompano Beach, FL
Jason Belley 2564 Abington Rd Columbus , OH
Jean Cindy Belley 53 Fay St Lowell, MA
John Belley 1817 E Oltorf St Austin, TX
John Gretch en Belley 6487 Willow Broom Trl Littleton, CO
Joseph Belley 4330 Orangedale Rd Cleveland, OH
L Belley 82 Webster St Pawtucket, RI
Laura Belley 1203 Lattie Ln Mill Valley, CA
Louise Belley 3650 S Bear St Santa Ana, CA
M Belley 214 Persimrnon PI Lafayette, LA
M Belley 559 Sagamore Ave Portsmouth, NH
M K Belley 277 Tirus Ave Manchester, NH
Marie Belley San Marcos, TX
Maurice Belley 80 Via Del Corso West Palm Beach,FL
Michael Belley 1150 Vultee Blvd Nashville , TN
Miguel Belley 457 Hale Ave Oakland, CA
Mike Belley Bradley, WV
Normand Belley 522 Woburn St Tewksbury, MA
P Belley Largo, FL
P Belley 214 Persimrnon PI Lafayette , LA
Paul Belley 805 E Chester St Long Beach, NY
Paul Janet Belley 65 Alma St Lowell, MA
Paula Belley 26650 Players Cir Lutz , FL
Richard Belley 939 Prigge Rd Saint Louis, MO
Richard Belley Manhasset, NY
Robert Belley 128 Paul Revere Rd Arlington, MA
Robert Kathleen Belley 198 Gleneilen Rd West Roxbury, MA
Robin Belley Bluffton, SC
Robin Belley Hilton Head Island , SC
Robin Krísty Belley 414 Crestview Dr Van Buren , AR
Roger Belley 186 Frost Rd Tyngsboro , MA
Ronald Denise Belley 22 Parkhurst Rd Chelmsford, MA
Russell Belley 55 White St Lowell, MA
S Belley 29 Washington St Ayer, MA
Sheri Belley 2 Westfall South Rd Pelham, NH
Stacy Eric Belley Off Old County Rd Rockport,ME
Steven Belley 967 Lakeview Ave Lowell, MA
Timothy Belley 26650 Players Cir Lutz, FL
U Belley 58 Willowdale Ave Tyngsboro, MA
Walter Belley 8154 Langdale St New Hyde Park, NY


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AOSTA AO 11100 2 NOMINATIVI

1.BELLEY PATRIZIO
35, V. ARTANAVAZ 11100 AOSTA AO
Tel. 0165552867


2.FOTO-GOLD Dl BELLEY P.&. C.(S.A.S-)
1, VL. CONTE CROTTI 11100 AOSTA AO
Tel. 0165551298

AYMAVILLES AO 11010 11 NOMINATIVI

1.BELLEY ADELINA
4, LOC. GLASSIER 11010 AYMAVILLES AO
Tel. 0165902747


2.BELLEY ANGELO
47, LOC. CHERIETTES 11010 AYMAVILLES AO
Tel. 0165902140


3.BELLEY CARLO
74, LOC. MOUUN 11010 AYMAVILLES AO
Tel. 0165902520

4.BELLEY CORRADO
57, LOC. CHERIETTE 11010 AYMAVILLES AO
Tel. 0165902047

5.BELLEY IVO ANTÓNIO
59, LOC. CHERIETTES 11010 AYMAVILLES AO
Tel. 0165902027

6.BELLEY LUCIANO
I,LOC. LA ROCHE 11010 AYMAVILLES AO
Tel. 0165902115

7.BELLEY PIERA
22, LOC. MONTBEL 11010 AYMAVILLES AO
Tel. 0165902072

8.BELLEY RUGGERO
26, LOC. VERCELLOD 11010 AYMAVILLES AO
Tel. 0165902057

9.BELLEY SILVANA
19, LOC. FOURNIER 11010 AYMAVILLES AO
Tel. 0165902213

10. BELLEY ABRAM RITA
43, LOC. FERRIERE 11010 AYMAVILLES AO
Tel. 0165902128

11.MARKET BELLEY &. C. SNC
3, LOC. GLASSIER 11010 AYMAVILLES AO
Tel. 0165902368

OZEIN/AYMAVILLES AO 11010 1 NOMINATIVO

1. BELLEY GONTIER LUIGIA
5, - LOC. VILLE 11010 AYMAVILLES OZEIN AO
Tel. 0165902060

COURMAYEUR AO 11013 1 NOMINATIVO

1. BERTHOD BELLEY ELSA
5, V. S. BARBARA 11013 COURMAYEUR AO
Tel. 0165843347

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Info 4I2 Ricerca Elenco Abbonati - Risultati della ricerca Pagina 2 di 2

S. PIERRE AO 11010 1 NOMINATIVO

1. BELLEY DINO
17, RUE DE LATOUR 11010 S. PIERRE AO
Tel. 0165903357

SARRE AO 11010 2 NOMINATIVI

1.BELEY ESTER
13, FRAZ. BELLON 11010 SARRE AO
Tel. 0165257810

2.BELLEY FEDELE
15, LOC. PETTTCRE’ 11010 SARRE AO
Tel. 0165257888

BRISSOGNE AO 11020 1 NOMINATIVO

1. BELLEY BRUNOD PASQUALINA MARIA
55, FRAZ. NEYRAN 11020 BRISSOGNE AO
Tel. 0165762076

POLLEIN AO 11020 1 NOMINATIVO

1. SCLEA Dl BRUN &. BELLEY (S.N.C.)
9/E, LOC. LESILES 11020 POLLEIN AO
Tel. 016553583



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Bellei e Belley a Genova, a Lucca, a Venezia e a Ferrara

Ricerca di un numero:

La ricerca ha fornito nominativi in 5 località:

GENOVA

1.BELLEI ALBERTINA
257, V. LORIA 16100 GENOVA GE
Tel. 0108391073

2.BELLEI ANTONIO73, V. DURANTE 16100 GENOVA GE
Tel. 010664014

3.BELLEI GINO
38/A, V. VESPUCCI 16100 GENOVA GE
Tel. 0106974381

4.BELLEI MARILENA
47, V VESPUCCI AMERIGO 16100 GENOVA GE
Tel. 0106969159

5.BELLEI REMO
44, V. PAUZZI 16100 GENOVA GE
Tel. 010391764

6.BELLEI SIMONETTA
40/B, V. VESPUCCI AMERIGO 16100 GENOVA GE
Tel. 0106973198

7.BELLEY BRUNA
17, V. CONTUBERNIO G. B. D'ALBERTIS 16100 GENOVA GE
Tel. 010501340

VENEZIA VE 30100 1 NOMINATIVO

1. BELLEY DEMETRIO
9, CALLE CHIESA 30100 VENEZIA VE
Tel. 0412413781

MESTRE/VENEZIA VE OOOOO 2 NOMINATIVI

1.BELLEY ERNESTO
112, V. GAVAGNIN 00000 VENEZIA MESTRE VE
Tel. 0415312720

2.BELLEY MARIA LUCIA
73, V. NAPOLI 00000 VENEZIA MESTRE VE
Tel. 0415310799

S. DONA' Dl PIAVE VE 30027 2 NOMINATIVI

1.BELLEI CLAUDIO
76, V. GIORGIONE 30027 S. DONA' Dl PIAVE VE
Tel. 042140035

2.FUTURO Dl BELLEI CLAUDIO
41, V. GIANNINO ANCILLOTTO 30027 S. DONA’ Dl PIAVE VE
Tel. 0421330705



http://www.info412.it/ris.jhtml?CG_CognDen=belIei&CG_Nom=&CG_Loc=&CG_Pro... 05/05/02

lnfo412 Ricerca Elenco Abbonati - Risultati della ricerca

LUCCA LU 55100 2 NOMINATIVI

1.BELLEI GIORGIO
260, V. DELLE TAGUATE - S. CONCORDIO C. 55100 LUCCA LU
Tel. 0583419525

2.BELLEI GIUSEPPE
983/B, V. PESOATTNA - S. VOTO 55100 LUCCA LU
Tel. 0583999161

1. BELLEI BRUNA
17, V. DEI GINEPRI - UDO 55043 CAMAIORE UDO DI CAMAIORE LU
Tel. 0584617611

1. BELLEI MAURA
220, V. FEDERIGI - QUERCETA 55046 SERAVEZZA QUERCETA LU
Tel. 0584743236

1.BELLEI IOLANDA
24, V. DELLA GRONDA 55049 VIAREGGIO LU
Tel. 058431036

2.BELLEI SWOBODA WANDA
11, V. ETRURIA 55049 VIAREGGIO LU
Tel. 058450724

3.BELLEY LUCIANO
139, V. MARONCELU 55049 VIAREGGIO LU
Tel. 0584960961

4.BELLEY WANDA
16, V. RAVENNA 55049 VIAREGGIO LU
Tel. 058456270

1.BELLEY IRENE
16, V. SOTTO LA CHIESA 55040 MASSAROSA STIAVA LU
Tel. 058492257

FERRARA FE 44100 1 NOMINATIVO

1.BELLEI GIULIANA
26, V. PORTA D'AMORE 44100 FERRARA FE
Tel. 053262021

MESOLA FE 44026 1 NOMINATIVO

1.ORFEI BELLEY AMEDEA
55, V. GIUSEPPE GARIBALDI 44026 MESOLA FE
Tel. 0533993156


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Capítulo terceiro



A NAVEGAÇÃO FLUVIAL

Inicio este último capítulo do livro reportando, antes de mais nada, a uma síntese histórica, considerando a navegação fluvial de Módena ao Rio Pó via Naviglio e o último trecho do Rio Panaro. É sabido que os rios e canais navegáveis, desde os tempos remotos até o advento da revolução industrial, constituíram vias de comunicação fundamentais, ao longo das quais verificaram-se migrações e trocas comerciais muito importantes. O Naviglio é o típico canal artificial aberto com o objetivo de transporte por via d'água. Surgiu sobre o leito do torrente Rio Formigine que, depois de tocar grande parte das muralhas de Módena, chegava a Albareto, Bastiglia e Bomporto. Acredita-se que tenha sido escavado no tempo do Bispo Eriberto (século XII). L. A. Muratori colocou em evidência que:


"um raro documento comprova a existência do Naviglio no tratado de aliança entre Ferrara e Módena estipulado em 16 de novembro 1198 em Ferrara".


Até o fim do ano de 1500, preferiu-se que o porto de Módena ficasse fora das muralhas (além de Albareto) para maior segurança e para evitar que as mercadorias entrassem na cidade sem pagar impostos. Somente no começo do ano de 1600, depois que Módena tornou-se capital do ducado, tiveram início os trabalhos para levar a navegação até a cidade; para isto foi construído um grande cais onde hoje é a Rua Vittorio Emanuele II. A fim de garantir a navegação, na maior parte do ano, foram construídas eclusas ou eixos em Mulini Nuovi, em Albareto, em Bastiglia e em Bomporto. O desvio do Rio Panaro no Naviglio (século XIV) levou grandes quantidades de água a este, que, por sua vez, permitiram a navegação, quase sem interrupção, de Módena ao Rio Pó. No trecho do Rio Panaro de Bomporto a Bondeno, por razões de segurança e custódia noturna das mercadorias, as embarcações faziam parada em Solara, ou em Camposanto, em Codeluppi, em Finale Emília, em S. Bianca, em Bondeno. O transporte das mercadorias chegava por meio de embarcações denominadas "burchi", enquanto aos passageiros eram reservados os "burchielli", todos com suporte de velas. Os "burchi", 24 metros de comprimento, 4,5 metros de largura, tinham um calado de 30 cm a 1,1 metros e podiam transportar um carregamento de 400 a 500 quilos. Os "burchielli" ou "battelli", anteriormente em ponta e posteriormente redondos, eram de menor dimensão e tinham uma cobertura para proteção do sol e da chuva. Existiam também algumas embarcações chamadas "bucintori", pomposamente ornamentadas, que eram reservadas ao duque e sua corte. Até a metade do século XIX, o Naviglio e o Panaro concorriam de modo relevante para sustentar a economia de Módena, de Bomporto e de Finale Emília. O advento da ferrovia e da motorização, na segunda metade do século supramencionado, assinalou o início da decadência do transporte pelas vias fluviais menores. No início de 1920, chegou a Módena, proveniente de Veneza, a última embarcação carregada de sal. Em 1932 desapareceu também a eclusa de Bastiglia e, pouco tempo depois, foi enterrado o cais de Módena. A prova daquele que foi o lugar de embarque e desembarque mais importante de Módena ao Rio Pó, permaneceu somente o eixo de Bomporto, sistema exemplar de arquitetura hidráulica.


MUNICÍPIO DE AYMAVILLES


Em dezembro de 2001, convencido de que os Bellei de Módena vieram do Vale d'Aosta, julguei que seria necessário inserir no presente livro uma síntese histórica da cidade de Aymavilles onde, como já acenei, se instalou o maior número dos Belley provenientes da França. Não possuindo nenhum texto, para obter uma documentação histórica que atendesse, recorri ao meio mais rápido: o telefone. Respondeu-me a telefonista da prefeitura, dizendo-me que o pedido devia ser formulado, por escrito, diretamente ao prefeito Fedele Belley. Obviamente o sobrenome surpreendeu-me agradavelmente: era isto mesmo que eu precisava para alcançar o objetivo. Depois de alguns dias encaminhei o pedido por escrito. Em 6 de fevereiro de 2002 chegou a resposta juntamente com uma exaustiva documentação histórica de Aymavilles, que a seguir reporto. O prefeito Fedele Belley tem 39 anos. Como me informou, descende de uma família empenhada há longo tempo em atividades sociais e políticas.


HISTÓRIA DE AYMAVILLES


É uma das 74 cidades da Região Autônoma do Vale d'Aosta. Estende-se por uma superfície de 53,41 quilômetros quadrados sobre a margem direita da Dora Baltea, com altitude de 604 metros, chegando aos 3.968 metros na Grivola, a sua montanha mais alta.


A população


Vestígios seguros demonstram a presença do homem neste território desde a pré-história. Foi intensamente habitado depois da conquista romana (25 a.C.), porque aqui foram exploradas as minas de mármore cinza ("bardiglio") largamente empregado na construção dos edifícios monumentais de Augusta Pretoria (termas, anfiteatro, porta Pretoria, etc.). Sua presença também é demonstrada na ponte do aqueduto romano de Ponte d'Ael. Atualmente a população é de cerca de 1.900 habitantes.


A cidade


Até o século XVIII, compunha-se de duas comunidades distintas, nascidas em torno das duas paróquias, Saint-Léger e Saint-Martin de Aymavilles, cada uma autônoma com prefeitos e vereadores próprios. No ano de 1782 foi feita a fusão em uma única cidade, que, 146 anos depois, foi suprimida e agregada à cidade de Villeneuve. Somente no ano de 1939 reconquistou sua autonomia originária.


Os monumentos


Aymavilles possui muitos monumentos, entre os quais, alguns de grande valor: a ponte-aqueduto romana, o castelo, as igrejas de Saint-Léger (cripta do século X – XI) e de Saint-Martin (já mencionada no ano de 1176). A ponte-aqueduto romana foi construída no ano 3 a.C.. A estrutura surge a oeste da Ponte d'Ael, supera um desfiladeiro de 60 metros, tem um diâmetro de 14,20 metros e uma largura de 2,30 metros. Atualmente é constituída de duas passagens sobrepostas; a inferior é iluminada por pequenas janelas; a superior era a sede do antigo aqueduto do qual restam vestígios evidentes.


O castelo


Foi construído sobre um promontório, está circundado por um grande parque florestal, possui um corpo central, já existente em 1287, e quatro torres cilíndricas edificadas nos ângulos entre 1377 e 1423. No ano de 1728 foi modernizado pelo Barão Giuseppe Felice di Challant. No ano de 1970 passou à propriedade da "Administração Regional do Vale d'Aosta".


Famílias nobres


Entre tantas famílias nobres, duas se destacam: a família De Amavilla e a família Challant, cujos brasões estão figurados no primeiro e no segundo quadro do brasão do município. A família De Amavilla é nativa e no século XII estava entre as mais influentes do Vale d'Aosta. No ano de 1191 seus membros escreveram a Carta de Franquia com o Conde Tommaso I de Savóia. A sua fortuna declinou no século XIV quando os Savóia tornaram-se proprietários de Aymavilles. A família Challant foi a mais rica e poderosa. Muitos de seus membros assumiram cargos episcopais, cardeais e os mais altos cargos civis e militares dos estados da Casa de Savóia. Tornou-se proprietária do feudo de Aymavilles em 1354. Com os títulos de senhores, barões e condes permaneceram na possessão do feudo por 450 anos, isto é, até 1804.


Significado do brasão e do estandarte


O brasão assume o seguinte significado: escudo francês moderno, emoldurado: o primeiro, de ouro com leão preto, linguado, armado, iluminado e salpicado de vermelho; o segundo, de prata e faixa preta carregada de uma pomba de prata; o terceiro, vermelho, com uma ponte em arco de prata, aberto; o quarto, preto, com um castelo de ouro, aberto, acima de tudo um coração azul, ornado com dois campanários nascentes em pontas, ao natural, sobre o primeiro uma cruz latina, e sobre o segundo uma cruz latina e um galo. Sobreposta ao escudo, a coroa da cidade e sustentado por dois ramos, um de pinheiro à direita e um de videira à esquerda, de verde, produzidos em ouro, ligados por um laço azul com estrelas de ouro. Estandarte: pano em faixas vermelhas e pretas, ricamente ornamentado com franjas douradas e prateadas, trazendo ao centro o símbolo da cidade, e acima, centrada, a inscrição "COMUNE DI AYMAVILLES".


(Síntese histórica retirada de uma pequena obra publicada pelo município)



MUNICÍPIO DI BASTIGLIA



Dados históricos



Os primeiros núcleos habitados surgiram na região no ano de 1000 d.C., favorecidos por obra beneficente dos Beneditinos de Nonantola. A mais antiga citação da localidade remonta ao ano de 1026; então era chamada "Cesa" ou "Zese". O termo tinha o significado de "cerca de arbustos ou obstáculo colocado para proteção dos campos", mas poderia também derivar do nome da família dos "Cesi", cujos componentes foram médicos e notários, em alguns casos ilustres proprietários de numerosas posses no local. Já no ano de 1774 "Cesa" era uma corte, posse de cargo rural que dominava em posição central uma área da propriedade da abadia de Nonantola. Só em seguida à ocupação dos Visconti, no ano de 1354, o nome do burgo mudou para "Bastia de Cesi", cujo termo "Bastia" transformou-se depois em Bastiglia, que indicava claramente uma fortaleza, elemento comum naquele tempo no território. Barnabò Visconti, duque de Milão, em guerra com os Estensi, fortificou efetivamente Cesa nesta data, erguendo uma cerca de defesa de madeira, uma espécie de paliçada com diques e fossos, dominada por uma torre. Em lembrança, Bastiglia hospeda ainda hoje no próprio brasão do município uma torre circundada por um amplo fosso. Incendiada pelos modenenses no ano de 1355 e reerguida no ano de 1363 pelas tropas dos Visconti, a Bastia foi restituída definitivamente aos Estensi, depois de outros acontecimentos, no ano de 1384. Os habitantes do burgo viveram sucessivamente um período de singular prosperidade econômica, ligada à construção sobre o Naviglio, no ano de 1432, do assim dito "Sostegno" e do Moinho, por parte de Nicolau III, Duque de Ferrara e Módena. O "Sostegno", em dialeto "al Stégn", era uma eclusa em formato octogonal fechada pelas comportas, portas metálicas que, abertas e fechadas, permitiam manter constante o nível de água. A eclusa de Bastiglia, que se abria bem no centro da cidade, onde hoje é a praça, é a primeira construída na Itália, talvez no mundo; análoga solução foi adotada por Leonardo da Vinci em Milão, cinqüenta anos mais tarde. Facilitada, portanto, a navegação, opondo-se aos eventuais desníveis de água, o Naviglio personificou o papel principal na economia da região, favorecendo o comércio com Módena, com a Lombardia e com Veneza, através do Rio Panaro e do Rio Pó. Também o moinho constitui um aspecto fundamental da vida de Bastiglia: não sofrendo nunca da falta de água, sendo o Naviglio alimentado também pelas nascentes, podia funcionar também nos períodos de seca ou estiagem. Com as suas 16 pedras de moinho foi, além disso, o maior da região e, graças também a isto, conheceu um longo período de esplendor, tanto que, em alguns mapas do século XVI, o burgo não vem mais citado como Bastiglia, mas como "Moinho da Bastia". Depois de haver utilizado por meio século a água para mover os moinhos de pedra, mas também afiar os ferros para cortar, permitir o funcionamento da serraria pública, mover os mecanismos utilizados para descascar o arroz e apisoar os panos, alimentar o dínamo que fornecia iluminação à cidade, o moinho foi posto a leilão em 1929 e tornou-se propriedade particular, para depois tornar-se inservível no ano de 1932.

Enquanto isso, Bastiglia tinha conhecido a insurreição "menottiana" através dos trezentos jovens patriotas reunidos nos arredores e guiados a Módena a pé por Lotário Bacciolani, na noite de 3 de fevereiro de 1831. Foi, enfim, em janeiro de 1860, que Bastiglia, cessando de depender do município de Módena, teve com o decreto de Luigi Carlo Farini a sua municipalidade.



(De "Município de Bastiglia" – Gruppo Media 1999-2000)



Município de Finale Emília



Dados históricos


O território de Finale Emília representa a última extremidade da "baixa" província de Módena. Situada a 15 metros sobre o nível do mar, compreende as frações de Massa Finalese, Reno Finalese, Casumaro, Casoni e Canaletto. O nome Finale deriva de "Finarium", isto é lugar de fronteira, dada a sua posição estratégica entre as províncias de Módena, Bolonha e Ferrara. Existia, no entanto, nesta zona, desde a antiguidade, um lugar de fronteira fortificada que só sucessivamente, ao tempo dos Goti, sob o reino de Teodorico, foi ampliado e transformado em centro habitado. A navegação fluvial que, na Idade Média, constituía o principal meio de transporte, é um elemento fundamental na história político-econômica da cidade. De fato, Finale, situada ao longo do curso do Panaro nas proximidades do ponto em que este rio desemboca no Pó, era um importante porto, centro econômico e lugar de repartição para as mercadorias e tráficos que se desenvolviam entre Módena, Ferrara e Veneza. Construída, portanto, pelos Goti, em 772 foi cedida por Astolfo, rei dos Lombardos, à Abadia de Nonantola. Em 801 passou ao bispo de Módena, com investidura imperial de 1026, depois à Condessa Matilde. Em 1288, por vontade da própria população, se submete (junto a Módena) a Obizzo d'Este, que providencia a reconstrução da fortaleza. Sofreu vários assédios, como o dos venezianos de 1307 e dos gibelinos (1328), para permanecer depois, quase ininterruptamente, sob a jurisdição Estense. Nos tempos do assédio de Mirândola (1511), Finale foi ocupada pelas tropas do Duque de Urbino, sob ordens do Papa Júlio II. Em 1538, terminado o período das lutas, se decide pela derrubada de parte das muralhas para prover o alargamento da região com a assim dita "adição" de Finale. Em 1779, Finale foi elevada ao título de cidade pelo decreto ducal e foi incluída, durante o período napoleônico, no Departamento do Baixo Reino; seguiu a Restauração e enfim a anexação ao Reino da Itália em 1860. Próximo do fim de 1800, os finalenses decidiram por aterrar o leito do Panaro que passava através da cidade. No fim do século passado, com o desvio do Rio Panaro, Finale muda a sua função secular de cidade de água e muda definitivamente o seu aspecto urbanístico e econômico, agora baseada por alguns decênios, principalmente na agricultura. Tal conotação econômica se caracterizou até 1973, ano no qual acontece a construção do Pólo Industrial na localidade de Cà Bianca. Foi centro cultural de certo relevo, como testemunha a fundação em 1593 da "Academia dos Flutuantes", uma das mais prestigiadas na Itália e das duas Academias Musicais no século XVII. Orazio Vecchi, músico e poeta, morto em 1605, é o nome mais ilustre, no campo da cultura, entre os finalenses.


Notas de arte e de interesse turístico


O povoado é dominado pelo Castelo das Fortalezas, fundado nos tempos de Teodorico e reforçado por Matilde de Canossa, foi completamente reestruturado nos tempos de Nicolau III (1402), antes por Bartolino Ploti de Navara, depois em 1425, por Giovanni de Siena que de fortaleza o transformou em residência senhorial. Sobre o lado nordeste da fortaleza destaca-se a águia em arenito, símbolo dos Estensi, ali colocada em 1420. Pela estrada, onde há algum tempo corria um rio, se pode ver o harmônico pátio interno. Famosa, próximo à antiga Porta de São Lourenço, a Torre do Relógio, por um tempo dita dos Modenenses, foi erguida por Costoro em 1213; foi reconstruída quase completamente, em 1310, pelos danos ocorridos durante os assaltos dos gibelinos de Módena. Ao lado da Torre do Relógio, encontramos o único traço remanescente das antigas muralhas medievais. O Palácio Comunal, de 1774, é de ótima arquitetura, a pequena torre central foi construída com doações de alguns nobres finalenses; sobre a fachada encontramos a estátua do protetor da cidade, São Zenão; no interior um quadro representando sempre São Zenão atribuído a Frà Stefano de Carpi. A pouca distância do município, encontramos o Palácio Rodrigues, elegante construção do século XVIII, com piso em pedra trabalhada e portais em mármore esculpido e, no interior, afrescos no teto e nas paredes. Entre as numerosas igrejas de Finale recordamos: a Catedral, dedicada aos Santos Felipe e Giacomo, que conserva o original arco do século XV e o elegante sino românico. No interior encontramos um quadro representando São Francisco, do pintor Guercino, um São Pedro, de Cignani, e a Adoração dos Magos, de Crespi. A Igreja de Santo Agostinho, ex-sede do seminário Arquiepiscopal, construída em 1607, era a igreja das famílias nobres de Finale. No interior conserva: uma Nossa Senhora com o Menino e São Lourenço, de Guercino, e uma mesa com São Sebastião e São Roque atribuída a Dosso Dossi. A igreja de São Bartolomeu, sede da Confraria da Morte, por meio da qual chegou até a Finale a heresia luterana. No interior encontramos: a estátua em argila de São Bartolomeu, que antigamente ornava a fachada, uma escultura em mármore representando Nossa Senhora com o Menino e alguns interessantes quadros. Nesta igreja pregou Martinho Lutero. O Oratório de Sant'Ana, erguido em 1596 pela Confraria da Morte, conserva um belo oratório do fim do século XVII. Elegante a fachada do novo Teatro Social, dotado de ótima acústica. Interessante também o Museu de Geologia e Paleontologia. Escreve o abade Cesare Frassoni em suas "Memórias do Finale de Lombardia", editado em Módena em 1778:


"O Finale de Lombardia, dito vulgarmente de Módena, ... portou já este nome em todo o seu distrito, para ser ele, desde a idade remota, o extremo limite desta parte do Estado Modenense, e junto ao último terreno, que punha fim aos adjacentes pântanos... Esses pântanos na parte do sul eram formados pelo Rio Reno: mais abaixo através do oriente pelo Rio Pó, ... e ao norte finalmente pelo Rio Secchia dito Gabellum e pelo Rio Panaro, e por outros rios que desaguavam no Pó".


Esta era Finale nos tempos antigos; uma cidade circundada de água e que por esta água trazia trabalho e bem-estar. Tal característica durou até o fim do século XIX, quando Alfredo Baccarini, Ministro dos Trabalhos Públicos do então Reino da Itália, financiou os trabalhos para o desvio do Rio Panaro, que atravessava o centro da cidade. O deslocamento do curso do rio, além de mudar a aparência da cidade, até então apelidada de Veneza dos Estensi, por causa dos numerosos canais que a atravessavam, modificou substancialmente a sua economia. Perderam importância todas as atividades ligadas ao rio, da pesca ao transporte de mercadorias, também por causa do progresso da tecnologia, sobretudo nos meios de transporte, e adquiriram maior peso os trabalhos ligados à agricultura, graças à exploração intensiva de terrenos alagados, por séculos, com imponentes trabalhos de drenagem. Finale adquiriu assim a fisionomia atual, aquela de uma cidade em tudo similar a tantos outros centros da Padânia. Se o desvio do curso do rio piorou o aspecto de Finale, em compensação melhorou as suas condições higiênicas, sobretudo eliminou o perigo representado pelas inundações que freqüentemente causavam grandes danos materiais e a morte de numerosos cidadãos. Frassoni recorda as três inundações verificadas em 1635 e aquela do outono de 1677 que destruiu inteiramente o Burgo de São Lourenço constituído por mais de trinta casas e pelo Oratório (se salvou só o muro que, no interior da igreja, sustentava a estátua do santo protetor. Nesta ocasião o almirante Frassoni interveio com as embarcações disponíveis para recolher os desabrigados e levar-lhes o que comer). Recorda, além disso, aquela de 1770 que, em pouco mais de uma hora, causou a destruição de trinta e quatro casas e de uma parte do convento de Santa Clara, que teve que ser abandonado pelas freiras. Em seguida a tal perverso evento, decidiu-se construir novas muralhas para dar mais segurança aos cidadãos. O Panaro della Lunga adquiriu assim o aspecto que ora podemos admirar, observando a maquete em perfeita escala 1:25 exposta na Igreja de São Francisco por ocasião da 128ª. Feira de Santa Cruz. A obra (intitulada "O Castelo e seu povoado histórico em 1800 – fisionomia antiga de Finale") é fruto da inteligência e da realização de um grupo de alguns compatriotas que deram vida, alguns anos depois, ao grupo cultural R 616, e a sua realização requereu longos meses de estudo e de trabalho.


Vida com o Rio


Se, para fazer história exaltando os fins para os quais este livro se propõe, é impossível falar de Finale e não falar do Panaro, e, por conseqüência, não se pode deixar de acenar a quase milenar relação existente entre os finalenses e o rio. Um milênio cravejado por trágicos episódios de inundações e destruições, de enormes lutas para contenção das cheias. As relações entre finalenses e Panaro iniciam, grosso modo, depois do curso do Pó em Ficarolo, quando, em 1152, se pensa em desviar o Panaro, que naqueles tempos corria pelos vales de São Lourenço, um curso artificial de água para circundar as muralhas de Finale: projeto que foi realizado durante o século XIII. Portanto, na altura de São Lourenço, o rio se bifurca: um ramo, dito Canalvecchio, se perde nos vales onde se une ao Rio Secchia para formar os pântanos de Burana; outro ramo, aquele da Lunga, prossegue em direção nordeste até Finale, circunda-a e alcança Bondeno confluindo no Rio Pó em Volano. Também, se temido pelas suas cheias, o rio é um instrumento indispensável para Finale e os finalenses. É de fato a principal via de comunicação entre Ferrara e Módena: Finale, situada na metade de tal via, torna-se uma escala de fundamental importância, a testemunho disso estão o Arsenal e um alojamento de mercadores venezianos.


(Sínteses históricas fornecidas pelo Doutor Válter Bellei de Finale Emília)



MUNICÍPIO DE RAVARINO



Dados históricos


Em 27 de março de 2002, foi celebrado um milênio de história de Ravarino, já que é precisamente naquela data que aparece escrito pela primeira vez o nome da localidade de Ravarino, segundo documentação atual. Pode-se delinear um breve perfil histórico deste milênio, seguindo três diretrizes: a administrativa, a produtiva e a bélica. Já no século XIII, Ravarino, chamado Burgo Franco ed Orto Vecchio, aparece constituído como município junto a Castel Crescente, mas não se conhece a data da instituição. O seu território era o dobro do atual, já que ocupava toda a área entre o percurso medieval do Rio Panaro e aquele do Naviglio de Módena, compreendendo na sua jurisdição a Palata, Sammartini, Caselle, Ronchi e a ponta sobre a qual depois surgiu Bomporto. Não foram os eventos bélicos a arrancar a vasta porção de território, mas principalmente a negligência dos seus primeiros feudatários. Em 21 de setembro de 1321, a assembléia popular reunida na rua em frente à igreja decretava a submissão de Ravarino ao município de Bolonha, do qual, entretanto, se separaria pouco tempo depois. Em 23 de abril de 1333, João I, rei da Boêmia, governando o império pelo filho, elevava este município a feudo nobre com o nome de Contea di Burgo Franco e Castel Crescente e empossava o famoso Doutor Pietro Della Rocca, seu médico pessoal. De fato, os Della Rocca não cuidaram muito de seu feudo que, ao que parece, cederam aos Rangoni desde 1421, mas não se tem o relativo documento. Em 9 de setembro de 1453, o Duque Borso empossava os Rangoni no feudo de Ravarino e Castel Crescente; a eles o Imperador Maximiliano, em 1511, confirmava a investidura, dando-lhes amplos poderes, inclusive os de vida e morte. Os Rangoni governaram este feudo até o ano de 1796 na forma de governo indireto, isto é, com autonomia tal de poder considerar quase um estado confederado ao Ducado Estense. No início do século XIX, durante o domínio napoleônico, o município de Ravarino foi agregado ao município de Crevalcore. No ano de 1806 readquiriu sua própria autonomia, mas no ano de 1810 foi agregado ao município de Nonantola, sob cuja administração permaneceu até o outono de 1859, quando, em seguida à unificação da Itália, foi reconstituído. Devido à sua posição geográfica, este território foi constantemente objeto de passagem, de saques, de devastações por parte dos mais variados exércitos durante a sua longa existência. O fato bélico mais memorável dos séculos passados aconteceu em 22 de novembro de 1643, quando as tropas do Cardeal Barberini incendiaram e destruíram o local e roubaram os sinos das igrejas de Ravarino e de Stuffione, transportando-os para Bolonha, onde foram tocados na Praça Maior em sinal de vitória.


Dados históricos de Stuffione


No território que, iniciando no século XV, terá por capital Stuffione del Negro degli Zandelli (1333), foram determinados como limites: a leste, a borda oriental da cavidade dita Muzza; ao sul, a Viazzola; a oeste e a norte, o Canale delle Nevi, isto é, o Panaro novo. A vida fervia particularmente ao longo da Muzza e sobre o Panaro, com sua passagem para Solara que, até o início do século passado, pertenceu sempre a Stuffione. Reencontramos desde 1021 a importante paróquia de Abrenunzio (a Barnonsia), colocada ao longo da Muzza, com seu porto, Porto do Lobo, sobre o Panaro antigo que corria nas proximidades; pouco mais abaixo vemos a Zinzana (atual Pilastrello) com os seus prováveis moinhos sobre a Muzza. O fosso Pudisia ou Pugliese ou del Secco ou Generala, dito, pois, fosso Rangona, escoava as águas internas do território e ainda em 1832 os habitantes de Ravarino e de Stuffione, quase anualmente e desde a mais remota antiguidade, cavavam o curso também em território bolonhês, além de Bocchetta, para mais de 300 varas modenenses (939 metros). Do antigo núcleo de Stuffione, reunido em torno do primeiro oratório de 1509, permanece somente a notável "Cà Longa", atual casa Sighinolfi e ex-sede rangoniana e do magistrado, porque em torno da metade do século XVIII foram aterrados o palácio municipal (pretor com a torre), cárcere e a igreja paroquial e em seu lugar construíram a atual igreja e o palácio que lhe opõe. Do século XV até o início do século passado, os habitantes de Stuffione cravejaram tanto a cidade quanto as ruas principais de dignas e belas casas, e de casas de férias. Infelizmente, nestas últimas décadas, o não conhecimento do valor histórico das edificações desfigurou tantas notáveis construções com feias e anacrônicas persianas nas janelas e insignificantes portas metálicas no lugar das escuras e originais portas de madeira que eram adornadas por elegantes sobreportas em ferro fundido, testemunhas evidentes de um rico e antigo artesanato local. Na cidade recordamos a casa Accorsa (atual Montanari), a casa Gelati (atual Soli), desfigurada ultimamente por um destoado pórtico, a prefeitura de frente à igreja, o belíssimo palácio do Doutor Pietro Barbieri (atual Veronesi), o belo palácio Barbieri já no final da localidade e tantas outras construções importantes que mereciam ser inteligentemente reportadas aos seus estados originais. Ao longo da Muzza ainda existem construções de características antigas, enquanto a margem do Rio Panaro nos oferece a deliciosa "Passerina", atual casa Paltrinieri, o palácio dos herdeiros dos Dareggi, a Moranda, a casa de campo Bennucci com o notável parque, a Levizzana dei Gualtieri, a torre dos Balboni e o palácio do século XVI da Beltrama. Beiram a estrada a atual mansão Zucchi, a antiga mansão Rangoni, o belíssimo e raro portal dos Veratti (antigamente dos Malagoli ou Malaguti). Tão densa "documentação" residencial nos recorda as muitas e trabalhadoras famílias que por séculos deram brilho a esta região; entre as mais eminentes delas, quais foram, a dos Malagoli, ditos também Malagodi e Malaguti da raiz comum Malagò, a dos Barbieri, poderosa sobre todas por quase dois séculos, a dos Pedretti. Estas "documentações" da obra humana nos reportam também a uma vida intensa, às brigadas juvenis percorrendo todas as estradas, às vezes a pé e às vezes de bicicleta, até os anos cinqüenta do século passado. E, a propósito da agregação humana aqui em Stuffione, já no século XVII se recitavam comédias; aqui, em 1950, a companhia teatral recitou um drama cujo título parecia profetizar o destino da região: "Partir é um pouco morrer". De fato, tantos e tantos partiram para as cidades e as fábricas, e Stuffione ficou vazia e sem vida.

(De um catálogo do município)



MUNICÍPIO DE MÓDENA



Cidade situada na Emília Romanha (34 metros e 180.496 habitantes), capital da província homônima, está situada na Via Emília (que a divide em duas partes iguais), entre Reggio e Bolonha, na fértil planície padana, onde os cursos dos Rios Secchia e Panaro se aproximam a poucos quilômetros um do outro. Módena, além de ligação ferroviária (Milão-Bolonha, Módena-Mântova e diversas linhas secundárias), é centro de indústrias siderúrgicas, mecânicas (automóveis de corrida, acessórios para automóveis e carrocerias especiais, tratores, laminados), químicas (fertilizantes), alimentícias (conservas, embutidos, óleo, etc.), um dos maiores mercados agrícolas da região. Como outras cidades da planície padana, Módena foi um centro neolítico, habitado pelos ligúres, posteriormente pelos etruscos. Tornou-se, portanto, cidade dos "Galos Boios", como Bolonha, e, no ano 183 a.C., colônia romana. Pela sua posição geográfica e militar, foi palco de acontecimentos desde a época romana. No tempo da guerra civil entre Marco Antônio e os senadores, cujo exército estava sob as ordens do assassino de César, Brutus, Módena tornou-se fortaleza deste último e foi por duas vezes, mas inutilmente (nos anos 44 e 43 a.C.), cercada por Marco Antônio. Contenda entre os lombardos e bizantinos, entrou para os domínios dos lombardos, durante cujo governo decaiu e foi substituída por um centro próximo (Città Germaniana e Cittanova), enquanto Módena permanecia a sede do bispado. Depois do domínio lombardo, a cidade ressurgiu e, no século IX, foi importante fortaleza, com numerosos privilégios, enquanto o poder político passou da Cittanova a Módena, isto é, ao bispo, que ocupou o cargo de conde de Módena. A partir do século XI começam a figurar os regulamentos municipais: bispos e autoridades municipais encontram-se, no início, unidos, a fim de aumentar a força da cidade. Por volta da metade do século XII, Módena travou uma longa luta contra Bolonha pela posse da Abadia de Nonantola, que teve conclusão desfavorável para Módena (1156). Depois desta guerra as já relações hostis entre bispo e comunidade pioraram, e o bispo teve que ceder muitos direitos e privilégios. Primeiro seguiu a linha imperial, na época do Barba Roxa, aderiu em seguida à Liga Lombarda (no ano de 1168). Superado o perigo do domínio imperial, retomou as disputas com Bolonha e Reggio. Aliada de Frederico II contra os bolonheses, venceu-os nos anos de 1229 e 1239; foi, porém, abatida pela vitória bolonhesa da Fossalta (1249). Seguiu um período de subordinação aos bolonheses e de supremacia do partido guelfo. As guerras travadas entre as várias famílias nobres locais concluíram-se com a afirmação de Obizzo d'Este de Ferrara, ao qual, no ano de 1288, foi ofertado o domínio da cidade. No século XIV, depois de um breve período no qual foi restabelecido o governo popular, Módena passou sob o domínio de Passerino dei Bonaccolsi, que venceu os bolonheses no ano 1325 (a famosa batalha dita "tomada do Secchia"). No ano de 1336 restabeleceu-se o domínio estense e, a partir de então, a cidade fez sempre parte deste domínio. Nos anos de 1796-97 fez parte da República Cispadana; em 1797-99, da República Cisalpina; depois, e até o ano de 1814, da República Italiana e do Reino da Itália. Com o Congresso de Viena foi anexada aos domínios dos Habsburgo-Lorena d'Este, contra os quais (era Duque Francisco IV) a cidade rebelou-se no ano de 1831 (Ciro Menotti), mas com êxito negativo; no ano de 1848 o governo do duque foi novamente destituído, para ser restabelecido depois da infeliz conclusão da 1ª guerra de independência. Com o plebiscito de 1860, a cidade foi definitivamente reunida à Itália. Bem pouco permanece em Módena do antigo centro romano, enquanto a cidade conserva intacta a topografia central que remonta à Idade Média e ao Renascimento, especialmente nas antigas e estreitas ruas acompanhadas dos pórticos. A cidade, por longo tempo permanecida estreita nas muralhas erguidas em fins do século XV por Hércules d'Este, destruídas no início do século XX, é sucessivamente alargada em todas as direções com bairros residenciais modernos que contrastam com o centro ainda arquitetonicamente antigo. Os monumentos mais ilustres são aqueles que se apresentam na Praça Grande: o Palácio Municipal e especialmente a Catedral (dedicada ao patrono da cidade, São Geminiano), obra de arte do românico italiano, cuja construção durou do fim do século XI ao século XIII (foi ornamentada por esplêndidos relevos de Willigelmo e da sua escola e, dentro, por pinturas de ilustres mestres locais); ao lado da catedral está a belíssima Torre da Ghirlandina, com 87 metros de altura, exemplo notável da arquitetura lombarda. Outras construções religiosas de Módena são a Igreja de São Pedro (do século XV), a Igreja de São João Batista e a Igreja de Santo Agostinho. Entre as construções profanas, destaca-se o Palácio do Duque, que já foi sede da corte estense, iniciado pelo romano Luanzine, por ordem de Francisco I d'Este. Hoje abriga a sede da Academia Militar, continuação da Escola de Infantaria e Cavalaria aqui organizada desde 1859. Importante a universidade, que deriva do antigo estúdio fundado em Módena desde o século XII, depois reaberta no ano de 1632, depois ainda no ano de 1774 e finalmente tornada federal no ano de 1923. Entre os centros culturais destacam-se a Galeria Estense, uma das maiores coleções artísticas da Itália, rica de obras de arte italianas e estrangeiras, a Biblioteca Estense, transferida de Ferrara no ano de 1598, que possui inestimáveis manuscritos (dentre os quais a célebre Bíblia de Borso d'Este), incunaboli (N.T.: livros impressos no século XV, quando a arte da impressão era iniciada), a autografoteca "Campori", o arquivo muratoriano. Para recordar enfim a Biblioteca Municipal "L. Poletti", que reúne especialmente os volumes de história da arte e a Biblioteca Universitária, especializada em obras de história natural. Módena possui ainda um Arquivo, cuja fundação remonta ao ano de 1271.



DUCADO DE MÓDENA


Os dissidentes surgidos no partido guelfo induziram as famílias nobres de Módena a oferecer o domínio da cidade a Obizzo d'Este, senhor de Ferrara, que o aceitou no ano de 1288. Os mais notáveis entre os sucessores foram: Azzo III, Nicolau III, que pelo imperador Sigismundo teve a investidura (1433) dos próprios domínios e da Garfagnana, o sábio Leonello Borso, ao qual o imperador Frederico III concedeu (1452) o título de Duque de Módena e de Reggio, o famoso Alberto I, protetor de Ariosto, e, finalmente, Afonso II, com o qual (1597) perdeu-se a linha principal dos Este. Em seguida, tendo a Cúria reivindicada para si a cidade de Ferrara, considerada feudo da Igreja, César d'Este primo de Afonso, transferiu no ano de 1598 para Módena a capital de seus estados. Entre os sucessores residentes em Módena recordamos: Francisco I (morto no ano de 1658), sábio e esplêndido precursor da construção do palácio ducal; Rinaldo (morto no ano de 1737), que aumentou os domínios dos Este com a aquisição de Mirândola; Francisco III (morto no ano de 1780), príncipe reformador de cuja obra o ducado extraiu grandes benefícios. Depois da queda de Napoleão, sendo perdido o ramo masculino da Casa d'Este, o ducado foi transferido ao filho de Fernando, arquiduque da Áustria, e de Maria Beatriz d'Este, Francisco IV da Áustria, que, com a morte da mãe (1830) juntou aos domínios também o Ducado de Massa. Ao Ducado de Módena, Francisco V, no ano de 1848, uniu os de Guastalla, Fivizzano e algumas terras do Parmigiano. Os Estensi abandonaram, no ano de 1859, Módena e o ducado, que, com o plebiscito de 12 de março de 1860, decretou sua anexação ao Reino da Itália.

(Da Enciclopédia Compact De Agostini e da Enciclopédia Modenense de G. Silingardi e A. Barbieri)

MUNICÍPIO DE SASSUOLO

Dados históricos


O topônimo parece derivar das antigas origens de "Olio di Sasso" (N.T.: Óleo de Pedra – petróleo) que antigamente abundava na região. Muitos estudiosos preferem, porém, acreditar na tese de que faz derivar o topônimo da posse de um primitivo núcleo de habitantes sobre uma pequena elevação de terreno, isolado, emergente sobre um território ocupado pelo leito do Rio Secchia, então muito amplo naquele ponto. Diz também a lenda que os cidadãos de "Sichenia", cidade lígure destruída por Aníbal em 200 a.C., refugiaram-se nas proximidades de um antigo forte romano, circundado pelas águas do Rio Secchia, construído sobre uma enorme rocha que se elevava nos pântanos. O lugar foi chamado como "Saxo-solo", do qual, por modificações sucessivas, Sassuolo. É, de qualquer modo, documentado que na alta Idade Média, Sassuolo foi bizantina, colocada sob a jurisdição de Veralubio. No ano de 1035 passou ao bispo de Parma e depois, em 1039, foi cedida ao Marquês Bonifácio de Canossa, em cuja família permaneceu até a morte da célebre Matilde. No ano de 1078 os cônsules de Sassuolo juraram fidelidade ao Município de Módena. Tornada domínio da poderosa família Da Saxolo ou Della Rosa, no ano de 1284, foi fortificada durante a luta entre os guelfos e os gibelinos, mas três anos depois foi completamente destruída. No ano de 1288 foi então reconstruída. Passada aos Estensi em 1373 pela vontade dos próprios habitantes, obteve o direito de retirar a água do Rio Secchia. Sucessivamente foi escavado o canal de Sassuolo, sobre o qual foi construído o primeiro moinho de propriedade senhorial. Sob os Estensi, foram também ampliados o castelo e o burgo, tanto que no ano de 1360 resultavam já existentes duas igrejas, sendo a mais antiga dedicada a

Santa Cruz e depois a São Francisco, enquanto a outra a São Jorge (protetor). Entre os anos de 1436 e 1444, Nicolau III e Leonello d'Este deram início aos trabalhos de transformação da Fortaleza fortificada, separada do burgo. Os trabalhos prosseguiram sob Borso d'Este até 1495 e foram completados com a construção interna à Fortaleza de um palácio ornado de torres com galerias completamente pintadas com afrescos. Em 16 de julho de 1499, o Duque Hércules I d'Este cedeu, em troca da metade das terras de Carpi, o território de Sassuolo a Gilberto Pio: iniciou-se assim o domínio dos Pio que terminou somente em 1529 com o assassinato do último senhor. Os senhores Pio completaram a transformação do castelo em residência, adaptando-o à sede da nova corte. Assim mesmo o burgo foi modificado e foram construídas as atuais Praça Grande (Praça Martiri Partigiani) e Praça Garibaldi (Praça do Relógio). Ao lado da Praça Grande foi depois erguida a famosa Guglia. Os Estensi, retornados senhores de Sassuolo, com César d'Este e Francisco I d'Este, a escolheram sede de férias de verão da corte ducal: escolha que determinou a transformação da Fortaleza em grandioso palácio. Sob a dominação Estense a cidade viveu seu período mais esplêndido, seja do ponto de vista do comércio (indústria de seda, de lã, etc), seja do ponto de vista artístico (cerâmicas e a construção do palácio ducal que reuniu na cidadezinha numerosos artistas tanto italiano como estrangeiros). No ano de 1860 torna-se município do Reino da Itália.



Nota heráldica


Descrição do brasão:


"De fundo vermelho com três montes de prata sobre um plano ondulado ao natural, culminado por dois narcisos também ao natural. O escudo e os ornamentos deverão ser aqueles regulamentares, a coroa aquela de nobre".




O município foi condecorado com grau de nobreza por Francisco III, promulgado em 19 de maio de 1753.


(Do catálogo "Sassuolo" editado pelo município)

MUNICÍPIO DE MONTECRETO

Dados históricos


O primeiro documento que trata de Montecreto remonta a 1205, quando o castelo "fortaleza fortíssima com uma torre" pertencente à família dos Gualandelli participou com todo o Frignano da submissão ao poder de Módena Salinguerra. A fortificada fortaleza de Montecreto, inexpugnável, surgia sobre a superfície do relevo rochoso que dominava por um lado a região e por outro o vale do Rio Scoltenna; a subida do caminho do castelo, costeada por espessas muralhas, conduzia à área de antiga localização do castelo; os restos da antiga grande torre, transformados no século XVII em torre campanário, testemunham na maciça estrutura a função originária de torre defensiva. Ainda hoje, o complexo monumental constituído pela torre, pela moradia dos padres e pela igreja, mesmo apresentando substanciais modificações, conserva o caráter forte e austero da fortaleza da montanha. O complexo do convento erguido na segunda metade do século V, além de representar um notável exemplo de arquitetura religiosa (parcialmente deturpado nos anos 50), englobou nas suas partes perimetrais consistentes extremidades da muralha pertencidas à desaparecida fortaleza dos Gualandelli (remontado ao século XII). Atualmente a parte externa do recinto pertinente à área do pátio do complexo do convento está fechada por altos muros, em cujo interior está construída a banca contendo o assim dito "Calvário", no qual está alojado um raro crucifixo adornado de todos os instrumentos que simbolizam a Paixão de Cristo. O centro histórico de Montecreto e em particular toda a Rua Castello, com os seus palácios, os portais esculpidos, as galerias (não obstante as alterações nas décadas passadas) é, portanto, a considerar-se como um significativo exemplo de estrada medieval fortificada.


Dados históricos sobre Acquaria


No inicio do século XIII, já município autônomo, subjugou-se ao município bem mais importante, Módena. Quando a cidade passou sob o domínio Estense, Acquaria veio a fazer parte da província de Sestola, até que, em 1657, tornou-se propriedade do conde Giovanni Codebò. Um século mais tarde, depois de breve intervalo que a vê de novo depender de Sestola, foi concedida ao conde de Milão, Antônio Maria Sacchi, com cuja morte, ocorrida no ano de 1788, a região retorna a Câmara Ducal e foi definitivamente inserida na província de Frignano. Quase todo o seu patrimônio artístico está contido na igreja paroquial. Ela foi construída em 1622 e sucessivamente sofreu uma série de restaurações. Naquele tempo reunia sob si os oratórios de Vernese e de Boccaferrata, depois destruídos pelos desmoronamentos, e de Rovinella, ainda hoje existente. A obra mais preciosa conservada na igreja é o crucifixo em madeira multicor do século XIII, enquanto o oratório de Rovinella, situado na localidade homônima, é dedicado à Natividade de Maria, cuja festa acontece em 8 de setembro. Sempre no campo, não distante de Rovinella, se encontra o oratório particular do Castelo (1750), hoje dificilmente visitável.


(De "Montecreto - terra rica de história". Editado pelo município)

MUNICÍPIO DE FORMIGINE

Dados históricos


A história do povoamento do território de Formigine tem raízes muito antigas. Os primeiros indícios remontam ao Neolítico (milênio VI a IV a.C.), com a descoberta de dois vilarejos: Villa Gandini em Formigine e Cantone em Magreta. Neste último estão presentes também duas sepulturas. Menos conhecida é a Idade do Cobre (milênio III a.C.) atestada por uma sepultura, descoberta em Casinalbo, e algumas descobertas esporádicas: pontas de flecha e machadinhas de pedra. A Idade do Bronze (milênio II a.C.) é o período melhor documentado: com oito assentamentos munidos de diques e fossos (vestígios) descobertos em Casinalbo, Tabina, Colomabarone, Cappucina, Via Viazza, Cà del Vento, Fondo Colombaia e Corlo; com uma necrópole de cremação em Casinalbo e algumas construções menores (feitorias). Depois de alguns séculos de abandono e de despovoamento, entre o fim da Idade do Bronze e o início da Idade do Ferro (século XII a XI a.C.), o território de Formigine começa a repopular-se com a chegada da população etrusca (século VII a IV a.C.), que se estabelecera, atraída pela fertilidade do território, em um vilarejo em Magreta (sítio Gazzuoli) e em numerosas feitorias espalhadas pelos campos de Formigine. Uma forte contração do povoamento é documentada durante o período céltico (século IV a III a.C.), época caracterizada pela presença de feitorias documentadas sobretudo no território de Magreta. Com a colonização pelos romanos, a começar do século II a.C., se difunde uma densa rede de assentamentos rústicos, distribuídos no interior de um território planificado com um retículo de estradas, canais e fossos (centúrias). Vizinho a muitos assentamentos rústicos estão presentes arranjos produtivos para fabricação de cerâmica e tijolos. Um importante centro de produção de cerâmica, escultura em argila, lamparinas e tijolos estava presente em Gazzuoli di Magreta na área dos "Campi Macri", onde se desenvolvia uma grande feira – mercado de ovinos. Nesta região é documentado um acampamento militar, onde se alojavam três exércitos consulares, mandados a Módena para submeter as populações lígures. A passagem da época romana à Idade Média (século X a XV d.C.), as presenças arqueológicas se referem a uma casa maior e um grupo de pequenas casas, atestados respectivamente em Corlo e em Colombario, e dois castelos, em Formigine e Magreta, cujos vestígios mais antigos foram descobertos graças às recentes pesquisas arqueológicas. Desses e outros povoamentos medievais se encontram averiguações nas fontes documentais, a começar pelo século X (Villa di Magreta, Villa di Curlo para Corlo, Casale Albini para Casinalbo, lugar Formidine para Formigine). No século XII existem referenciais ao Castelo de Magreta, com as igrejas de São Faustino e Santa Maria, na localidade Stradella, ao grupo de casas em Sidimari e Colombaro com a paróquia e o convento. No século XIII existem, ao contrário, referências ao Castelo de Formigine, construído possivelmente, em torno de uma habitação já existente, surgido à vizinha igreja de estilo românico de São Bartolomeu, cujas fundações foram identificadas nas recentes escavações arqueológicas. Aos pés da planície de Módena sobre as primeiras encostas das colinas se estende o território de Formigine, delimitado por dois cursos de água: o Rio Secchia e o Rio Tiepido. A água sempre foi uma das principais fontes de riqueza deste território: rios e canais, desde a pré-história, constituíram os principais meios de comunicação, substituídos completamente somente em época moderna pela viabilidade das estradas. Ao longo das margens dos canais, que têm marcado o desenho urbano, surgiram importantes atividades produtivas, como moinhos e fábricas de papel. Célebre mesmo desde 1475 era o "Follo da carta di Formigine", produzido nos estabelecimentos do vizinho burgo de Casinalbo, e, ao longo do canal Corlo, sobre a estrada de Radici, é ainda visível o Moinho de Corlo, uma estrutura do século XV em pedras, reconstruída em tijolos no século XVI. O desenvolvimento do burgo de Formigine, todavia, é devido preponderantemente à edificação do castelo, construído pelo Município de Módena em torno do ano 1201 como um destacamento na defesa da fronteira "reggiana" junto ao Castelo de Marzaglia. Em torno da fortaleza se formaram as habitações, que já no século XIV tinham alcançado certa consistência. Várias forças políticas o controlaram. No início do século XIV, o castelo foi entregue a Francisco Pico, prelado popular, o qual o entregou à família Adelardi, que o possuiu até o ano de 1394. No ano posterior, o Marquês Nicolau III d'Este concedeu o feudo de Formigine a Marco Pio, senhor de Carpi. Durante a posse desta influente família, o castelo e o burgo foram objeto de numerosas iniciativas relacionadas à construção civil e decoração, que permanecem ainda perceptíveis nas construções atuais. No apogeu da expansão do estado dos Pio, entre o fim do século XV e os primeiros anos do século XVI, Formigine foi eleita sede municipal, junto a Sassuolo, Spezzano, Brandola e Soliera. Em 1599, depois do assassinato de Marco II Pio, sob cujo domínio a família tinha alcançado o máximo esplendor, os Estensi retomaram o controle de Formigine. A partir do fim do século XVI, terá inicio um progressivo declínio habitacional de Formigine, agora à margem dos interesses ducais, tanto para ser definido já ao fim do século "bicoccola". Para isto o Duque Francisco I, ao fim do ano de 1648, cedeu o feudo ao Marquês de Fusignano, Mário Calcagnini, assessor principal e conselheiro de Estado do próprio duque. O século XVIII foi um século que determinou uma reviravolta na história de Formigine. Os precários equilíbrios políticos e os contínuos desencontros entre os exércitos dos mais poderosos Estados europeus tornaram necessário para o Estado Estense o reforço das vias de comunicação entre Módena e a Itália central. Entre 1738 e 1752 foi aberta a Via Vandelli, assim denominada em homenagem ao seu projetista, o matemático Domenico Vandelli, que ligava a capital do ducado com Massa e daí ao mar. O seu traçado, difícil e inadequado até mesmo ao tráfego das carruagens, foi reconstruído poucos decênios depois por um aluno de Vandelli, Pietro Giardini. A "Nova Grande Estrada para Toscana", inaugurada em 1776, abriu novas perspectivas econômicas e políticas para o ducado, mas também para o território de Formigine teve diversas conseqüências. A estrada redesenhou a urbanística do burgo nas formas atuais, cortando em duas a antiga fortaleza e separando o núcleo antigo da região pelos burgos orientais.


(da "História de Formigine" da Biblioteca do Município)


MUNICÍPIO DE MARANELLO

Dados históricos


Maranello se encontra cerca de 18 km ao sul de Módena pela estrada provincial N3 conhecida também como Via Giardini. É um município da faixa montanhosa. Faz parte da região cerâmica junto com os municípios de Sassuolo e Fiorano. O centro da cidade é estreito entre os primeiros obstáculos que conduzem ao Apenino Emiliano e à planície ocupada pelos campos e indústrias. Proporciona ao visitante uma paisagem inverossímil: os canais naturais e as chaminés, os bosques e as enormes extensões com fábricas de ladrilhos, a agricultura e a criação de animais que se confrontam e convivem com a indústria mais avançada. Zona de produção do vinagre balsâmico e do queijo parmesão, Maranello tem uma história muito antiga. Descobertas arqueológicas documentam tal história, pelo menos, desde a Idade do Bronze (1800 – 1000 a.C.), mas com numerosas provas de épocas mais precedentes. Com certeza se sabe que ali foram assentamentos de populações de origem lígure (Ligures friniates) e que as legiões romanas que estavam conquistando a Itália, às submeteram entre os anos de 189 e 179 a.C.. A confirmação da presença romana se encontra ainda hoje em uma das estradas principais que atravessam a região e que se chama Via Cláudia: era um antigo caminho talvez da época etrusca, alternativo a um trecho da Via Emília que foi organizado pelo Cônsul Cláudio, o qual lhe legou seu nome. De grande importância foi a descoberta em 1987 na localidade de Torre delle Oche dos restos de uma fornalha da época romana: a partir de então foram completadas as escavações que levaram à descoberta do inteiro conjunto com numerosos objetos entre os quais dois vasos antigos. O material encontrado está exposto no Museu Arqueológico junto ao Palácio dos Museus no Largo Santo Agostinho em Módena. O nome Maranello deriva com toda probabilidade do fato de que tomou posse no lugar uma família de Marano (um município vizinho ao sul), os Araldini ou Arardini, que construiu ali um castelo, ainda hoje existente, depois da reconstrução seguida ao terremoto de 1501. As casas em torno ao castelo constituíram o burgo chamado Maranello velho. Depois de alternados acontecimentos, o castelo foi adquirido em 1936 pelo professor Giuseppe Graziosi, pintor e escultor de fama, que ali trabalhou e morou. O castelo hoje pertence a particulares. A já citada Via Giardini, ex-estatal do Abetone, assumiu uma grande importância logística; porque esta é a estrada que passa em frente às instalações da Ferrari. Desejada pelo Duque Francisco III para unir o Ducado de Módena com o Grande Ducado da Toscana e favorecer assim o desenvolvimento econômico e social da região, foi iniciada em 1766 e terminada em dez anos: tratava-se na época de uma empreitada gigantesca, com um comprimento de quase cem quilômetros no território de Módena, da capital Módena à divisa com a região da Toscana. Sobre o percurso estavam dispostas estações de correio, estalagens, fontes, locais de abrigo e descanso para os viajantes, uma verdadeira auto-estrada "ante litteram". O projeto e a direção dos trabalhos foram confiados ao engenheiro Pietro Giardini que empregou na empreitada 3.000 operários. O duque, entusiasmado com o resultado, deu à estrada o nome de seu realizador. Graças a esta estrada e pela sua localização aos pés do Apenino Tosco Emiliano, Maranello adquiriu para os habitantes de Módena a fama de um bom lugar para férias. No cruzamento da Via Giardini e da Via Cláudia desenvolveu-se uma região como a conhecemos hoje e que por muitos anos foi chamada Maranello novo. Além do núcleo central, o município de Maranello é formado também pelas localidades de Pozza, Gorzano, Torre Maina, Torre delle Oche, San Venanzio e Folignano. Em 1º. de fevereiro de 1931 foi concedido ao município o direito de fazer uso do brasão municipal. No decreto de concessão se lê assim: "Da prata a árvore da pêra produção natural, nutrido sobre a planície verde, a videira frutífera de preto a árvore carregada". A árvore representa a força do Município, as peras e a uva o caráter agrícola do território, a árvore que enterra suas raízes no campo está a indicar a fertilidade da região; a coroa a Autonomia do Município (em março de 2000 foi posicionado na central Praça Liberdade um mosaico que reproduz o brasão do Município de Maranello. Trata-se de uma obra do mestre Montanari que utilizou 16.000 pedaços de mármore e pedras semipreciosas, quase um para cada habitante de Maranello, provenientes de diversos países do mundo a testemunhar a abertura de Maranello para os outros).


(Do livro "Maranello" de Carmen Galloni e Silvano Saragni. Editado pelo Município)

MARANELLO E FERRARI

Enzo Ferrari em Maranello


A história da Ferrari e de Maranello está fortemente ligada há mais de 50 anos. Enzo Ferrari iniciou primeiro uma atividade alternativa ao automóvel por força do contrato com a Alfa Romeo, seguida da criação da nova marca comercial Auto Avvio Costruzioni na sede tradicional da Scuderia Ferrari na Rua Trento e Trieste em Módena. Em 1943 a guerra obrigou Ferrari a transferir a fábrica de Módena. A escolha caiu sobre Maranello onde Enzo Ferrari já possuía uma casa colonial e alguns terrenos. A descentralização, então imposta pelas leis da guerra, foi uma operação que o próprio Ferrari via com bons olhos, porque fazia parte do seu projeto global que era aquele de tornar-se construtor de carros de corrida: a zona na qual tinha adquirido o terreno e onde teria estabelecido a sede da Scuderia Ferrari em Módena em 1923 era na periferia (com alguns estábulos para cavalos para tração), mas desde o início dos anos quarenta estava tornando-se quase central e hoje está ao lado da central Praça Garibaldi. Começava a ser evidente que seriam bastante difíceis eventuais ampliações, além daquelas já realizadas com a aquisição de pequenos lotes vizinhos. No caso, o problema era decidir de quanto afastar-se do centro da cidade. Quanto à escolha de Maranello se poderia definir como uma "segunda opção", pois na realidade a pesquisa do terreno adequado era restrita inicialmente no vizinho Município de Formigine. Mas as negociações se interrompem, e assim Ferrari, com os bons serviços de Giuseppe Ferrari Amorotti, então prefeito de Maranello, teve a possibilidade de adquirir um terreno no Município de Maranello, contíguo àquele que Ferrari já possuía, e precisamente aquele denominado "Fondo Cavani" de propriedade dos cônjuges Dante Colombini e Augusta Bertani Colombini: à filha deles, Fernanda, se devem as informações que permitiram remontar a história original. Existiu um primeiro, depois um segundo encontro para definir os detalhes econômicos e em seguida, como se usava então entre cavalheiros, as negociações foram concluídas com um aperto de mão e festejadas com um delicioso jantar preparado pela senhora Augusta, conhecida como ótima cozinheira. Tudo devia estar pronto antes do fim de novembro de 1942: de fato, já em 30 de novembro em carta subscrita pela empresa Auto Avvio Costruzioni Scuderia Ferrari de Módena e em 3 de dezembro em carta selada de 6 liras, o titular Enzo Ferrari apresentava o primeiro pedido de licença de obra civil ao prefeito de Maranello para implantar um galpão metálico pré-fabricado em sua propriedade, exatamente em "Fondo Cavani". Com rápida iniciativa o prefeito concedia a autorização no dia 4 de dezembro, e este é o ato inicial da longa série de acontecimentos que levaram às instalações atuais. Faz-se notar que naquele momento não se falava ainda de indústria mecânica (que estava em Módena). O vínculo de Maranello com a Ferrari é universalmente reconhecido, sendo Maranello um pólo verdadeiro e próprio de atração para os torcedores da Ferrari que aqui vêm à procura das raízes do mito. Símbolo deste vínculo é a Ferrari 550 Maranello, um automóvel em todas as partes indicada como a mais bela Ferrari em circulação e que detém o recorde mundial de velocidade até agora. Primeiro o 50º. Ferrari, mas mais ainda o 100º. aniversário de nascimento de Enzo Ferrari, atraíram a Maranello milhares de turistas, muitos deles apaixonados pela Ferrari. Maranello é conhecida no mundo como a "casa" da Ferrari e, por este motivo, é o lugar onde os apaixonados se encontram para festejar os sucessos e compartilhar as emoções da Fórmula 1; desde 1997, por ocasião do último Grande Prêmio da temporada, o Município de Maranello montou um telão em praça pública para assistir às competições, ocasião de festa popular. Em outubro de 2000, com a vitória da Ferrari no Mundial de piloto e construtor, reuniram-se em Maranello cerca de 50.000 pessoas. Todo domingo de Grande Prêmio a administração recebe no Auditório Enzo Ferrari, os torcedores, também os estrangeiros, que podem assistir gratuitamente às corridas ao vivo.

MUNICÍPIO DE PAVULLO NEL FRIGNANO

A história

A história mais antiga de Pavullo remonta ao assentamento dos lígures (Ligures friniates), um povo que ocupou o Frignano em uma época antiguíssima e o dominou por quase três mil anos. Depois de alternados acontecimentos e difíceis lutas os lígures foram subjugados pelos romanos, que se estabeleceram na região central do Frignano, no Castro Feronianum, um assentamento militar posicionado acima da moderna Pavullo, entre as localidades de Poggiocastro, Torricella e Monteobizzo. Depois da queda do Império Romano (476 d.C.), o Frignano tornou-se terra de conquista por parte dos bizantinos, lombardos, da Condessa Matilde de Canossa, de senhorios feudais e também de bandidos. Pavullo, somente a partir de 1027 com a família dos Corroli (depois Da Frignano) do qual certo Gherardo figura em um documento de doação (1103) do Bispo Dodone; com a construção do hospital de São Lázaro e abertura de um mercado próprio, torna-se um centro de interesse público. Na época medieval, a história de Pavullo se liga estreitamente àquela da poderosa família "De Montecuccolo", que em 1212 teve a investidura do Imperador Ottone IV sobre os domínios do Frignano. De Guidinello Montecuccoli, chefe dos gibelinos (1269) em Gasparo (1394), se juntou César, que em 1445 obteve o título de conde. Morto César em 1505, o castelo passou ao filho Frignano que se casou com Camila Pico, com a qual teve três filhos: Andrea, Federico e Galeotto. Este último (1570 – 1619) tornou-se pai de onze filhos, entre os quais o famoso Raimundo que, nascido em 1609, com somente 16 anos dedicou-se à carreira militar no exército dos Habsburgos da Áustria, realizando uma brilhante carreira, tanto que aos 33 anos foi nomeado general e depois marechal de campo. Em 1664 uma coalizão de estados da Europa ocidental promoveu Raimundo a general marechal de campo com a incumbência de perseguir pelos Bálcãs os invasores muçulmanos. O comandante de Pavullo, à frente de 26.500 soldados, bem treinados e adequadamente armados, atacou sobre o Rio Raab na Hungria, o exército turco, composto por 120.000 homens, derrotando-o e colocando-o em fuga. Raimundo não foi somente um general de campo, mas também um homem de vasta cultura. Interessou-se por todas as áreas do conhecimento: da arte bélica à literatura, da filosofia à teologia, da matemática à astrologia. Morreu na Áustria em 1680. A dinastia se extinguiu na segunda metade do século XVIII. O Castelo de Montecuccolo, a 6 km de Pavullo, hoje completamente restaurado, todo ano é destino de numerosos turistas, entre os quais muitos provenientes do exterior. Pavullo, recordação permanente de uma identidade histórica, porta no brasão do município a águia dos Montecuccoli e a sua legenda: "Prisca Fides". Pavullo, graças à construção da Via Giardini (aberta em 1786) teve um notável crescimento que continuou também depois de 1832, quando se tornou capital do Frignano, substituindo Sestola. No mesmo ano o Duque Francisco IV construiu sua residência de verão, o moderno Palácio Ducal. Foram estes os últimos anos do domínio Estense, que tiveram, porém, grande relevo para Pavullo: tornou-se sede da "Subprefeitura do Tribunal da Circunscrição", elevando-se, assim, ao nível de capital de uma província Estense. Com a unificação da Itália, Pavullo perderá esta prerrogativa, mas conservará aquela de capital da "Circunscrição" até 1926. Em 1994 Pavullo foi elevada ao título de "cidade".

(Do livro "Pavullo nel Frignano. Território e bens culturais" Ed. Il Bulino 1983)


DUCADO DE MASSA E CARRARA


Dados históricos


Estado pertencente antigamente, com o título de marquesado, a um ramo da Casa Malaspina, mas passado, em seguida ao matrimônio, à família Cybo de Gênova (1519), sob a qual foi elevado a principado (1568) e depois a ducado (1605). Em 1741 passou ao Duque de Módena, em conseqüência do casamento de Maria Teresa, única filha do último descendente dos Cybo, com Hércules Rinaldo d'Este, príncipe herdeiro de Módena, que o possuiu até a morte (1803). A filha Maria Beatriz, casando-se em 1771 com o Arquiduque Fernando, filho de Francisco I, levou para a Casa da Áustria a herança dos Cybo e dos Este. Durante o período napoleônico, o ducado foi absorvido pelo Reino da Itália, fazendo parte do departamento do Crostolo. Incorporado ao Ducado de Lucca e Piombino, Napoleão o presenteou (1806) como feudo francês à sua irmã Elisa Baciocchi e em 1809 o atribui ao Regnier, ao qual conferiu o título de Duque de Massa e Carrara. Em 1815 o ducado foi restituído à Duquesa Maria Beatriz, herdeira da Casa d'Este e Cybo; com a sua morte (1829), passou ao filho Francisco IV, Duque de Módena e foi agregado aos estados Estensi.


(Da Enciclopédia Motta)



A arma dos Bellei


Nota heráldica


Alguns Bellei de Módena, em carreira militar nas milícias dos duques desde 1607; o notário Domenico Bellei, nomeado pelo Duque Francisco III, Comissário de Guerra da Baixa Província do Frignano, conjuntamente com os três sacerdotes (descendentes dos primeiros dois capitães Bellei enviados a Acquaria), reitores da Paróquia local de 1640 a 1733, inspiraram os símbolos colocados sobre o brasão, a saber:



- O elmo: distingue as famílias nobres quando é prateado, colocado a três quartos à direita com a viseira cerrada sobre os olhos, a babeira aberta e o gorjal (parte da armadura que protege o pescoço do cavaleiro) adornado de um colar com medalha.

- As três estrelas de cinco pontas: simbolizam a mente voltada a Deus, a firmeza da alma, a fama e a nobreza dos três sacerdotes anteriormente citados.


- A árvore enterrada sobre terreno verde: simboliza os pensamentos justos em ações gloriosas.


- Os dois leões rampantes: simbolizam a coragem, a alma nobre, a gratidão e o vencedor piedoso.


("Dicionário de Heráldica" de Lorenzo Caratti di Valfrei – Ed. Mondadori)


Considerações


Reproduzi os brasões mais significativos dos lugares de procedência e de passagem dos primeiros Bellei que, desembarcados em Bomporto, alcançaram depois diversos lugares da província de Módena, integrando-se nas várias comunidades e constituindo também alguns núcleos familiares, onde alcançaram posições nobres em cuja heráldica reportaram figuras emblemáticas. Considerando que os brasões da cidade de Belley e do Vale d'Aosta têm como símbolo respectivamente, um lobo e um leão rampantes, não pode ser atribuído simplesmente ao acaso se em alguns brasões familiares figuram os mesmos animais. Estou convencido de que possa tratar-se de lembranças da memória de coisas vistas ou conhecidas e transmitidas no tempo. Isto confirma as origens da estirpe dos Bellei.


Em conclusão


Como já exposto neste meu livro, das pesquisas efetuadas e dos documentos consultados, estou convencido de que a estirpe dos Bellei tem suas próprias raízes na cidadezinha francesa de Belley, da qual, no ano de 1385, em seguida a uma terrível diáspora, um grupo de "Bellicensi" encontrou refúgio no Vale d'Aosta, esparramando-se sucessivamente, em muitas províncias da Itália, entre as quais Módena, onde hoje reside a maior parte (cerca de 82%) dos mesmos Bellei. Esperado que o d.n.a. de todo indivíduo conserva algumas características hereditárias que vêm transmitidas de geração em geração, é possível que algumas qualidades peculiares dos Bellei atuais sejam semelhantes àquelas do grupo de franceses provenientes de Belley e que alcançaram o Vale d'Aosta no fim do século XIV. Por conseqüência, entre todos os Bellei existiu e talvez exista ainda hoje um tênue fio de parentesco genético.




Agradecimento


Para a compilação deste livro, sinto-me na obrigação de agradecer profundamente ao engenheiro Válter Bellei e seu primo Giorgio, por enviarem-me importantes documentos e darem sugestões e informações muito úteis; ao Doutor Aldo Borsari, diretor do Arquivo Histórico de Módena; ao Doutor Riccardo Vaccari e ao Doutor Mário Bertoni, do Arquivo do Estado; ao Doutor Franco Bellei, administrador delegado do "Rolo Banca 1473 S.p.A"; à professora Luísa Resca Barbieri; a Dom Giorgio Bellei, pároco de Montecreto e Acquaria; a Dom Edoardo Balestrazzi, pároco de Bastiglia; a Dom Gaetano Popoli, pároco de Albareto; ao Monsenhor Ângelo Barbanti, pároco de Pavullo; ao Doutor R. Roncaglia, do Arquivo Histórico de Módena; ao perito técnico Fedele Belley, prefeito de Aymavilles-AO; à senhora Mira Guazzi e à senhora Patrizia Zironi, do Centro de Cultura de Ravarino; à senhora Maria Pia Sabia, da Biblioteca de Bomporto; aos meus netos Gabriele e Federica; ao doutor Orlando Artioli, apaixonado por história, por participar com sua inteligente colaboração e a todos aqueles que colocaram à minha disposição documentos sob os quais se é baseada grande parte do meu livro.



C.B.

Biografia do Autor


Camillo Bellei nasce no ano de 1920 em Módena onde ainda hoje reside. Diploma-se no ano de 1939 e no ano de 1940 é convocado para o Exército. Depois de freqüentar a Escola Preparatória de Oficiais de Avellino, foi encaminhado a Divisão "Parma", destacada na Albânia. No ano de 1942 especializa-se junto à escola de Caserta, em tiro com morteiro de 81 mm. No ato do armistício (8 de dezembro de 1943) se encontra na Sardenha, onde, pouco depois, entra para o 518o. Batalhão Especial (formado por pára-quedistas, "alpini" - N.T.: destacamento do Exército italiano treinado para operações de guerra em montanhas altas - e uma unidade dotada de morteiros de 81 mm), com a qual participa, ao lado das Tropas Aliadas, no combate aos alemães na Itália. Em 15 de dezembro de 1945 é colocado na reserva com o grau de capitão e as atribuições de três campanhas de guerra (1943-44-45). Tomou posse no "Instituto Nacional para a Segurança contra Doenças" – INAM (na sigla em italiano), sede de Módena em janeiro de 1946. No fim dos anos 50, participa de modo notável da realização da nova sede na Rua S. Giovanni del Cantone (hoje Posto de Saúde) e da modernização de todos os mobiliários administrativos e dos equipamentos médicos. Permanece no INAM até o ano de 1971, quando se aposenta. De 1971 a 1976, como construtor, participa de modo decisivo do desenvolvimento turístico das "Planícies de Mocogno" com a construção de dois hotéis. Cessadas todas as atividades no ano de 1980, dedica-se a pesquisas de caráter histórico e genealógico. Verificada sua própria descendência de uma família originária da Bastiglia desde 1700, no intento de descobrir as origens da estirpe dos Bellei, encontrou documentos e provas que determinaram a compilação do presente livro.